Por Fernando Castilho
Imagem: Forbes |
É preciso lembrar que 2016 foi ano do golpe contra Dilma Rousseff e o início do período de trevas inaugurado por Michel Temer e aprofundado por Jair Bolsonaro. É coerente que o projeto de trem-bala tenha parado.
Por estes dias recebi um vídeo que mostra uma verdadeira revolução tecnológica em andamento na cidade de Shenzhen na China.
Toda a frota de ônibus urbanos foi substituída por novíssimos veículos movidos a energia elétrica. Não há mais aquele barulho dos motores a diesel nem a fumaça que era expelida por eles. Além disso, quase todos os carros agora são movidos a eletricidade.
Como
Shenzhen consegue a energia elétrica para suprir suas novas demandas?
A resposta está na captação de energia solar com células fotovoltaicas espalhadas por tudo quanto é lugar onde elas possam ser instaladas. Há também captação de energia eólica em bom número. A cidade, que não é pequena (possui uma população de 12,59 milhões de pessoas), parece ser plenamente sustentável e serve atualmente como piloto para toda a China.
Também, no mesmo vídeo, vemos como a China com suas dimensões continentais está promovendo a largos passos a integração nacional através do trem-bala elétrico. É essa integração que permite ampliar de maneira significativa comércio e serviços, implementando o crescimento econômico.
É preciso lembrar que talvez o Japão seja hoje a grande potência que conhecemos devido à integração nacional por suas linhas ferroviárias normais cuja construção se iniciou no final do século 19 e que somam hoje incríveis 27.268 km, e pelo trem-bala, o shinkansen, ícone no país e motivo de orgulho nacional para o povo japonês, que começou a operar em 1964, cobrindo hoje todo o Japão.
É
neste ponto que pergunto: e o Brasil?
Bem, o terceiro governo Lula começou a apenas quase 8 meses com o imenso desafio de reconstruir um país praticamente destroçado por um presidente totalmente desqualificado e mal-intencionado para o cargo. A missão de recolocar o país em pé, surpreendentemente, vem sendo cumprida em tempo recorde: os programas sociais que haviam sido extintos ou paralisados voltaram a funcionar, o prestígio do Brasil lá fora foi recuperado e coloca o país entre os grandes do planeta e a economia começa a ir de vento em popa com inflação controlada e queda no desemprego e no dólar. Quando a taxa de juros baixar para níveis aceitáveis, o país decolará.
Por que falo isso? Porque Lula tem a oportunidade histórica de não só ser o presidente que acabou com a fome dos brasileiros, desafio que ele mesmo impôs a si, mas de revolucionar o Brasil tecnologicamente como faz a China. Um verdadeiro up-grade no país!
É
possível?
Vejamos, o Brasil tem dimensões continentais como a China. Porém, diferentemente dela, tem usinas hidrelétricas em bom número. Além disso, a captação de energia solar e eólica vem se ampliando muito e hoje representa 24% de toda matriz energética.
Portanto, temos capacidade de suprir uma frota de veículos em cidades-piloto, como, por exemplo, Campinas, para que depois possa se ampliar para todo o Brasil.
Segundo o site Mobility Now, “Se as promessas feitas uma década atrás tivessem se concretizado, hoje seria possível entrar em um trem-bala na estação do Campo de Marte, zona norte de São Paulo, pagar R$ 400 numa passagem direto para o Rio de Janeiro (com escalas em Volta Redonda e São José dos Campos), viajar a 350 km/h e chegar em apenas uma hora e meia na estação Barão de Mauá, no centro da capital fluminense. Nada mal.”
Por
que não deu certo?
Ainda, segundo o mesmo site, “Esse sonho, que hoje parece absurdamente distante, já esteve tão perto da realidade que foi quase possível tocá-lo. Grande promessa do governo Lula, o trem-bala deveria ficar pronto para a Copa do Mundo de 2014. Quando as primeiras datas se provaram impraticáveis, o projeto foi revisto e estimado para as Olimpíadas de 2016.”
Neste ponto é preciso lembrar que 2016 foi ano do golpe contra Dilma Rousseff e o início do período de trevas inaugurado por Michel Temer e aprofundado por Jair Bolsonaro. É coerente que um projeto tão inovador tenha parado.
Mas agora já é possível sonhar novamente.
A ótima notícia é que a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) autorizou a construção dos trilhos no início deste ano, com a informação de que a empresa TAV Brasil prevê iniciar suas operações com o trem-bala interligando o eixo Rio-São Paulo.
Mas, em que pese o acerto de se implantar o primeiro trem-bala no país, a necessidade é que se construa uma rede ferroviária moderna para trens de carga e de passageiros que integre todo o país. Não é mais possível, em pleno século 21, que o escoamento da produção seja feito por milhares de poluentes caminhões.
Se o governo Lula compreender essa necessidade e ousar como fez com a transposição do Rio São Francisco obra majestosa que se estende por 477 quilômetros e tida como impossível por seus críticos, levando hoje água para milhões de brasileiros no Nordeste, será o presidente que integrou o país e que o elevou a um outro patamar tecnológico.
Quem
sabe?
Link para o vídeo: (793) China: Revolução do Transporte: Trem Bala e os Carros Elétricos | Expresso Futuro com Ronaldo Lemos - YouTube
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