Julgamento de Jesus, condenado por fazer bem aos pobres |
Diz
que, pela sua visão religiosa, constata que Herodes e Pilatos eram
de direita, e que Cristo e São João Batista eram de esquerda.
Herodes,
o grande, foi um edomita judeu romano, rei de Israel entre 37 a.C. E
4 a.C. Assassinou sua própria família e inúmeros rabinos, sendo
também conhecido por seus colossais projetos de construção em
Jerusalém e outras partes do mundo antigo, em especial a
reconstrução que patrocinou do Segundo Templo, naquela cidade, por
vezes chamado de Templo de Herodes.
Pôncio
Pilatos foi governador da província romana da Judeia entre os anos
26 e 36 d.C.. Foi o juiz que, de acordo com a Bíblia, condenou Jesus
à morte na cruz, apesar de não ter nele encontrado nenhuma culpa.
Tanto
Herodes quanto Pilatos, se hoje vivessem, seriam considerados de
direita. Autoritários, antidemocráticos e despóticos, jamais em
seus governos preocuparam-se com o bem-estar dos pobres, com o
combate à desigualdade, com saúde ou educação. Tudo o que faziam
era sugar Jerusalém com altos impostos enviados rapidamente à Roma.
Imperialistas.
Sobre
Jesus, São João Batista e os demais apóstolos, Suassuna afirma:
“Ninguém considerava exclusivamente seu o que possuía, mas tudo
entre eles era comum. Não havia entre eles necessitado algum. Os que
possuíam terras e casas, vendiam-nas, traziam os valores das vendas
e os depunham aos pés dos apóstolos. Distribuía-se, então, a cada
um, segundo a sua necessidade”.
Num
mundo muito anterior à Revolução Industrial, que viria a definir
com maior resolução o que é ser de esquerda e de direita, Jesus já
dava a pista.
Quando
um homem rico lhe perguntou o que era preciso fazer para entrar no
céu, Jesus lhe respondeu que ele deveria se desfazer de toda a sua
riqueza, pois seria mais fácil passar um camelo (aqui a palavra deve
ser entendida pelo seu significado verdadeiro, e não pelo erro de
tradução: camelo era uma corda bem grossa) por um buraco de agulha
do que um rico ir para o céu.
Jesus
também demonstrou seu lado revolucionário ativista quando expulsou
os comerciantes do templo. Enfurecido pelo fato de que, durante os
preparativos para a Páscoa judaica, comerciantes vendiam seus
produtos com preços abusivos, dentro dos limites do templo, e ainda
mais, pagando vultosas comissões ao Sinédrio (o poder
político-religioso da época), Jesus agiu como o que hoje classificaríamos como um vândalo,
derrubando as barracas e expulsando os comerciantes aos gritos.
Jesus cometendo vandalismo contra aqueles que ganahvam dinheiro com a religião |
Se
hoje vivesse, Jesus certamente seria considerado de esquerda. E
certamente execrado por muitos que lhe seguem.
Portanto,
o mestre Ariano Suassuna, na sua visão simplista, porém genial, de um tema tão complexo tem razão. Esquerda e direita, de uma forma
ou de outra, sempre existiram.
E
ainda existem, apesar de muita gente dizer que isso não faz mais
sentido nos dias de hoje, após a queda do muro de Berlim.
É
comum que se responda à frase “nem esquerda, nem direita” com o
adágio: “mostre-me alguém que não acredita em esquerda e
direita, e eu lhe mostrarei alguém de direita”. Leia mais no pragmatismo político.
Apesar
de haver nuances entre uma coisa e outra, sim, o sujeito de direita
quase sempre dirá que não é de esquerda nem de direita.
É
estranho.
Hoje
em dia, quando alguém se assume como sendo de esquerda, como sendo
socialista, é comum que se lhe taxe de comunista, de vermelho,
comedor de criancinha, etc.. São resquícios que persistem tanto da
guerra fria como da ditadura pela qual o Brasil passou.
Mas,
e a vergonha de se assumir como sendo de direita?
Alguns
o fazem, como Reinaldo Azevedo ou o menino maluquinho da Veja,
Rodrigo Constantino. Recentemente o roqueiro Lobão também se
assumiu como tal. Mas a classe média reluta.
E
vemos que até certos partidos políticos não tem coragem de se
dizer de direita.
Vejamos:
PSDB.
A sigla significa Partido da Social Democracia Brasileira. Leiam o
estatuto: ''O PSDB tem como base a democracia interna e a disciplina
e, como objetivos programáticos, a consolidação dos direitos
individuais e coletivos; o exercício democrático participativo e
representativo; a soberania nacional; a construção de uma ordem
social justa e garantida pela igualdade de oportunidades; o respeito
ao pluralismo de ideias, culturas e etnias; e a realização do
desenvolvimento de forma harmoniosa, com a prevalência do trabalho
sobre o capital, buscando a distribuição equilibrada da riqueza
nacional entre todas as regiões e classes sociais.''
Percebem?
É quase a definição de um partido com viés socialista.
Mas
o PSDB não pratica o que diz sua sigla e nem seu estatuto. Sempre foi de oposição a todo e qualquer programa social, chegando a chamar o Bolsa Família, de bolsa esmola. Somente agora, seu candidato a presidente, Aécio Neves fala em manter o programa, a contragosto, pois se continuar a se opor, daí é que não se elege mesmo.
PSB.
Significa Partido Socialista Brasileiro. Em seu programa, o PSB
defende a "transformação da estrutura da sociedade, incluída
a gradual e progressiva socialização dos meios de produção".
Mais
claro ainda que o PSDB. Deveria agir como tal. Em Pernambuco, por exemplo, onde Eduardo Campos governou, deveria ter implementado programas de caráter social, segundo seu estatuto.
PRP.
Partido Republicano Progressista. Em seu estatuto, capítulo 2,
Artigo 5°, inciso I, está escrito: ''Construção de uma Ordem
Social justa que busque a realização do desenvolvimento de forma
harmônica, sempre a serviço do homem, conciliando os interesses do
Estado, do Capital e do Trabalho, eliminando as desigualdades
sociais.''
Se
é progressista, teria que ser de esquerda, mas não é. É de direita.
PP.
Partido progressista. Outro caso de partido que carrega uma
característica forte de esquerda no nome. Mas é tudo menos isso.
Aliás, uma de suas maiores expressões é o deputado federal Jair
Bolsonaro, que defende abertamente a volta da ditadura. Uma grande
piada.
Jair Hitler Bolsonaro |
PPS.
Partido Popular Socialista. Tem socialista no nome, mas se arrepia ao
ouvir a palavra, embora tenha origem no antigo PCB, de Roberto
Freire.
Além
destes, embora não carregue o nome de socialista, há outra grande
piada: o DEM, Democratas, que tem origem no PFL, e mais
longinquamente ainda, na Arena, partido de sustentação da ditadura,
portanto, anti-democrático. Se mudasse para DEMO, ornaria melhor.
Por
tudo isso, o blogueiro é de opinião que as siglas passem a se
assumir como tal.
Que
o PSDB passe a ser PCDB, Partido de Centro Direita Brasileiro, ou
PLDB, Partido Liberal de Direita Brasileiro.
Que
o PSB passe a se chamar PB, Partido Brasileiro, ou ainda, POB,
Partido Oportunista Brasileiro, haja visto o que seu presidente e
candidato a presidente Eduardo Campos vem fazendo para vencer o
pleito.
Que
o PPS mude para PGCDB, Partido Genérico de Centro Direita
Brasileiro, já que se porta como uma cópia mal feita do PSDB.
Que
o PP feche sua sede, como fecharia o Congresso, se pudesse.
Que
o DEM mude para ADEM, Partido da Antidemocracia Brasileira, ou siga o
mesmo caminho do PP.
Que
todos saiam o armário e se assumam como o que verdadeiramente são.
E que a obra de Ariano Suassuna nunca seja esquecida.
Ariano Suasssuna |
Nenhum comentário:
Postar um comentário