segunda-feira, 21 de julho de 2014

Após a sabatina: PSDB não tem candidato.

Por Fernando Castilho


Após assistir à sabatina Uol/Folha, SBT e Jovem Pan, ao candidato Aécio Neves, aquilo que era desconfiança agora é certeza: O PSDB não tem candidato para vencer a eleição presidencial de outubro.

Já havia percebido em uma outra declaração, em uma ou outra atitude de Aécio uma fraqueza muito grande. Mas na sabatina isso se tornou muito evidente.

Em primeiro lugar com relação ao Programa Mais Médicos.
Sempre foi conhecida sua posição contrária. Inquirido sobre como iria proceder se eleito, surpreendeu ao dizer que vai aprimorar o programa, equiparando (sic) os salários dos médicos cubanos aos dos demais, oferecer cursos, etc..

O jornalista Kennedy Alencar do SBT lembrou ao senador de que há 11 mil médicos cubanos no país. Como seria possível essa equiparação?
O candidato passou a dizer que o Brasil financia (sic) o governo de Cuba e que isso é inadmissível.

Ao ser lembrado de que há um contrato com a OPAS, Organização Pan-americana de Saúde, Aécio disse que iria rever o contrato, ao que Josias de Souza do Uol, indagou de que forma isso se daria. O senador ficou devendo a resposta.

Não conhece o programa em profundidade. É sua obrigação conhecê-lo para poder criticá-lo.

Sobre o sentido da frase proferida no jantar com empresários ''não hesitarei em adotar medidas impopulares'', o senador negou o quanto pôde tê-la dito, até admitir no final. Mas procurou escamotear o que seriam essas medidas. Não respondeu.

Se vai adotar medidas que venham a comprometer a economia doméstica do cidadão mais pobre, é necessário que fale a verdade e não a escamoteie.

Afirmou que hoje em dia os conceitos conservador e progressista, direita e esquerda são muito abstratos. Que se se levar em conta o ganho financeiro das empresas, o governo FHC seria de esquerda e o de Dilma, de direita. Foi aplaudido pela claque, inteiramente de seu partido.

Sem comentários, desta vez.

Aécio afirmou ainda, num deslize, dando pontos para o adversário, que o desempenho do governo Lula foi bom somente porque o governo FHC havia preparado terreno para isso.

Esqueceu-se de dizer que o país havia quebrado por três vezes, indo parar com píres na mão às portas do FMI, cuja dívida Lula pagou.

Respondendo se seu governo, por tudo que se fala, e pelo fato dele sempre levar FHC a tiracolo, seria uma volta ao passado, disse que quer discutir o presente para construir o futuro.

Fazendo de seu governo uma cópia do de FHC?

Josias de Souza perguntou a Aécio se a famosa frase ''Muito mais gente já desembarcou e o governo ainda não percebeu. Vão sugar um pouco mais. E eu digo para eles: façam isso mesmo, suguem mais um pouquinho e depois venham para o nosso lado", não seria uma falta de recato (já pensou um senador-candidato a presidente ter de ouvir isso?), ao que o senador muito sem graça respondeu que às vezes a gente fala (sic) as coisas sem pensar, mas depois pensa que não deveria ter dito aquilo daquela forma.

Vai ser sempre assim? Vai falar ou fazer as coisas sem pensar, e depois de um puxão de orelhas vai se desculpar?

Sobre se o episódio do mensalão não se equipara ao da compra de votos que foi arquivado sem investigação pelo Procurador Geraldo Brindeiro, Aécio respondeu que não se pode comparar uma coisa com outra. Foi tudo investigado e não aconteceu nada. Josias de Souza argumentou que há provas, inclusive uma fita gravada. Aécio disse que na época era congressista e que pode afirmar com toda certeza de nada houve.

Apesar das provas, Senador?

Sobre privatizações, Aécio pisou na bola mais uma vez ao dizer que ninguém imaginaria hoje alguém comprar um avião da Embraer se esta pertencesse ao governo do PT. Falou rindo. Mas em contradição disse que vai estatizar empresas que foram privatizadas.

Parece bipolar. Elogia as privatizações mas quer estatizar...

Por fim, disse que hoje a Petrobrás frequenta mais as páginas policiais que as de economia.

Não tem página policial nenhuma sendo frequentada pela Petrobrás. A mídia e a oposição brigaram por uma CPI que foi instalada. Como não há nada que se esconder,e muito mais, podem aparecer negociatas dos tempos de FHC, perderam o interesse.

Olha, foram muitas outras opiniões desconexas que não me lembro de citar agora.
Durante praticamente toda a sabatina, cujo objetivo era conhecer suas propostas de governo, seus projetos para o Brasil, Aécio insistiu em criticar o governo Dilma, recorrendo inúmeras vezes a ilações e mentiras, por exemplo quando afirmou que os recursos à saúde no governo FHC eram maiores que os do governo dela.

A lição que se tira é que, ao contrário de José Serra, de quem, a gente pode até discordar por postura política, mas nunca pela sua capacidade de debatedor, nota-se em Aécio Neves apenas um aventureiro sem preparo nenhum, querendo ser presidente.

Isso é estranho, se pensarmos que o senador foi governador de Minas Gerais por duas ocasiões. Deveria ter aprendido alguma coisa. Não aprendeu.

Foi uma pena a sabatina ter ocorrido apenas uma semana antes do episódio da construção do aeroporto em terras de seu tio.

Gostaria de vê-lo tentando explicar o inexplicável.

Viria o típico ''eu posso explicar, não é isso que você está vendo!''

Risos de Serra.

Agora é só esperar os debates na televisão. Veremos como se sai.

Se não melhorar o nível, e muito, será engolido.






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