Porém,
se esta pessoa, que se alimenta bem, pratica exercícios físicos
regularmente e trabalha em atividades prazerosas, passa de repente
por momentos de tensão, de estresse, já que a linha da vida não é
tão linear assim, pode adoecer de uma hora para outra.
Geralmente
são vírus oportunistas que encontram portas abertas para invadir e
fazer estragos. Alguns podem já estar lá dentro, incubados, só
aguardando o momento certo de desferir o golpe.
Não
é de todo disparate procurar um paralelo com o que está acontecendo
atualmente com o governo Dilma Rousseff.
Embora
seu primeiro mandato não tivesse o brilhantismo do governo Lula, é
certo que Dilma navegava em águas tranquilas até junho de 2013,
quando um tsunami se abateu contra ela, fazendo com que seu índice
de aprovação de 65% (Datafolha) despencasse de um dia para outro
para 30%.
A
partir daí, a presidenta buscou forças para reagir e vencer Aécio
Neves nas eleições de 2014.
Ainda
durante a campanha, mas muito mais intensamente após os resultados
das urnas, a mídia passou a divulgar, seletivamente, delações
premiadas de bandidos da Petrobras, pegos na Operação Lava Jato.
Milhares
de pessoas saíram às ruas pedindo o impeachment da presidenta, e
outros, de caráter pior ainda, começaram a pedir a volta dos
militares. Não é mole, não. Ela só suportou a pressão somente
porque já enfrentou pior no passado.
E
a oposição tem grande (i)responsabilidade nisso. Não se fez de
rogada.
Dilma
se viu acuada, recuou, retirou-se, como a dar um tempo, talvez
merecendo um período de repouso.
O
governo, qual organismo vivo debilitado, viu-se de repente, atingido
por dois vírus oportunistas que estavam incubados.
Um
deles, a velha proposta inconstitucional de redução da maioridade
penal, que existe desde 1993.
O
outro, o PL 4330 de 2004 que amplia ao infinito a terceirização de
trabalhadores.
Os
dois vírus estavam quietinhos, escondidinhos há muitos anos,
esperando a hora certa para atacarem as células do governo.
Embora,
a redução da maioridade ainda possa não passar por haver uma
cláusula pétrea da Constituição que a proíbe, é quase certo que
a terceirização poderá ser aprovada.
Explica-se.
Caso
Dilma vete o PL, o Congresso poderá derrubar o veto.
E
quem seria o responsável por colocar todas as forças parlamentares
em ação para esta derrubada?
Sim,
ele, Eduardo Cunha, que, embora seja do PMDB, partido que dá apoio
ao governo, atua como aquela mão que tenta o tempo todo estrangular
Peter Sellers (Dilma) no filme Dr. Fantástico, de Stanley Kubrick.
Se
esse projeto for aprovado, será a maior derrota dos trabalhadores em
sua luta por direitos trabalhistas de que se tem notícia.
Interessante
ler o parecer de três especialistas no
Blog do Sakamoto. Eles
dão uma pista do grave revés que os trabalhadores estão por tomar.
No vácuo ao que o governo se impôs, devido à sua momentânea debilidade, vejam quem mais se aproveita da PL: as Confederações Nacionais da Indústria (CNI), do Comércio (CNC), da Agricultura (CNA), do Transporte (CNT), das Instituições Financeiras (Consif) e da Saúde (CNS), além do Sindicato Nacional das Empresas Prestadoras de Serviços e Instaladoras de Sistemas e Redes de TV por assinatura, cabo, MMDS, DTH e Telecomunicações (Sinstal) e Sindicato Paulista das Empresas de Telemarketing, Marketing Direto e Conexos (Sintelmark).
E tudo através de lobby, especialidade de Eduardo Cunha.
O ministro Joaquim Levy até tentou incluir no projeto algumas tentativas de garantia aos trabalhadores, mas parece certo que se alguém, por exemplo, se acidentar no trabalho, a batata quente será rebatida como bola de pingue-pongue e ninguém assumirá.
Não
há momento mais adequado para se votar esse projeto, uma vez que a
CUT, central sindical que historicamente reúne as categorias
sindicais mais organizadas do país, está desacreditada junto à
grande parte dos trabalhadores a quem defende.
Há
anos atrás, bastaria à CUT estalar os dedos, mas atualmente, devido
ao ódio plantado pela mídia contra o PT durante meses, será muito
difícil uma mobilização de todas as categorias contra o projeto. Aliás, há muito pouco tempo para isso.
Ou não era de se esperar uma paralisação total do país, já, frente a essa agressão?
Ou não era de se esperar uma paralisação total do país, já, frente a essa agressão?
Há
remédio contra esses e outros vírus oportunistas que ainda podem se
manifestar?
Basta
o governo se fortalecer nas bases, junto aos movimentos, junto ao
povo, seus verdadeiros e esquecidos anticorpos.
Basta
fazer da comunicação seu remédio e sua vacina.
E
basta, sobretudo, criar forças para decepar aquela perniciosa mão.
Nenhum comentário:
Postar um comentário