Rui Falcão, presidente nacional do PT, anunciou que o partido não mais receberá doações de empresas privadas. Quais são as intenções de Rui Falcão? Quais os desdobramentos dessa ousada decisão?
Rui Falcão, presidente nacional do PT, anunciou na última sexta-feira (17), após reunião do diretório nacional da legenda, em São Paulo, que o partido não mais receberá doações de empresas privadas. A decisão ainda precisa ser referendada pelo Congresso Nacional do partido, porém, deve passar.
Clap,
clap, clap!
Desde
sempre, como sabemos, são as doações empresariais, principalmente
das empreiteiras que se apresentam para tocar obras públicas, a
origem de grande parte da corrupção no país.
Combinam
preços e ganham licitações, às vezes de obras desnecessárias,
como muitas que Paulo Maluf contratou em São Paulo. O preço de tudo
isso é uma gorda contribuição aos partidos políticos que estão
em campanhas, sejam municipais, estaduais ou federais.
Impõe-se
urgentemente a tão propalada Reforma Política.
Há
um ano (!) atrás, após a Ação Direta de Inconstitucionalidade
(ADI) 4.650, que avalia se é legal ou não o financiamento privado
empresarial de campanhas pelo Supremo Tribunal Federal (STF), ter
obtido naquela instância, voto favorável de 6 dos 11 ministros, e
apenas um contrário, Gilmar Mendes pediu vistas do processo e não
mais o devolveu.
Ou
seja, o financiamento empresarial de campanhas já foi na prática
declarado como inconstitucional.
Gilmar
Mendes cedo ou tarde vai ter que ceder às pressões e devolver o
processo ao STF.
Há
quem diga que o ministro está segurando o processo, no aguardo de
uma decisão da Câmara sobre o assunto, nas mãos de Eduardo Cunha,
que é francamente favorável às doações empresariais, lobista que
é.
Mas,
se for declarada a inconstitucionalidade, não há o que fazer.
Ainda
não se sabe se, a proibição do financiamento privado de campanhas
já valeria para 2016.
De
qualquer forma, o que o PT está revelando que não mais deseja é o
financiamento empresarial. O privado deve continuar através de
doações e contribuições de militantes e simpatizantes pessoas
físicas. E isso está no bojo da Reforma Política que a oposição
não quer.
Para
as eleições de 2016, caso ainda seja possível captar recursos
empresariais, quais seriam as consequências da decisão de Rui
Falcão?
Obviamente,
os partidos de oposição que disputarão as eleições municipais
terão muito mais dinheiro que o PT. Notadamente em São Paulo, onde
o Partido dos Trabalhadores cravou a muito custo um desacreditado
Fernando Haddad em 2012, o PSDB terá a obrigação de defenestrar o
prefeito. Não tenham dúvidas, embora neste momento as empreiteiras
estejam debilitadas, virá muito dinheiro, pelo menos para o caixa 1.
O
PT abriria mão de tentar a reeleição de Haddad, em favor de uma
postura diferenciada e ética?
Essa
postura funcionaria como uma estratégia para limpar a reputação do
partido perante a opinião pública?
Estariam
aqueles que saíram às ruas em 15 de março e 12 de abril realmente
interessados em aplaudir essa iniciativa, ou o ódio ao PT já não
lhes deixa enxergar mais nada positivo?
Como passariam a encarar os demais partidos que não abriram mão dos recursos?
Não
veriam como uma postura hipócrita, populista, demagógica, ou uma
simples estratégia de marketing?
Acreditariam
mesmo que o PT realmente não recebe mais dinheiro de empresas?
Gilmar
Mendes falou em laranjal. Será que ele tem razão?
Segundo
ele, impedido o financiamento empresarial, como quer o Projeto de
Reforma Política, há a possibilidade de que as empreiteiras
continuem doando através de laranjas. Porém, a ilegalidade poderia
ser facilmente detectada pelo enorme volume de recursos ofertados por
um único mecenas. Ficaria visível demais.
Rui
Falcão não nasceu ontem, nem é um neófito na política.
Se
essa decisão foi tomada, não tenhamos dúvidas de que não foi para
prejudicar o partido, mas sim para sair na frente, acatando
antecipadamente a determinação do STF, que virá, mais cedo ou mais
tarde.
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