Este
texto de Walter Takemoto dá bem uma ideia da situação que o ensino
público em São Paulo está vivendo.
Os
tão sofridos alunos das escolas públicas do Estado de São Paulo
estão sofrendo uma dor que não pode ser sofrida nessa fase da vida.
Quando vejo uma foto como a que ilustra este texto, sinto arrepios. Estudantes da escola pública defendendo sua escola e bradando: ''A ESCOLA É NOSSA!''
O
governador Geraldo Alckmin, que só sabe usar de truculência e
autoritarismo não pode tirar desses jovens o mínimo que eles têm,
o direito de estudar, mesmo sem as condições que as escolas
particulares oferecem aos que vêm de classes mais abastadas.
Só
espero que, passado este pesadelo, a experiência adquirida por essa
resistência que alguns jovens estão oferecendo ao projeto de
Alckmin, sirvam para torná-los cidadãos cônscios de seus direitos
e deveres, afinal, há males que vêm para bem.
O
governo do Estado de São Paulo decidiu reorganizar a rede estadual
de escolas do estado. Em nome da racionalização, da contenção de
despesas e de uma discutível política educacional, decidiu fechar
parte das escolas em um processo claramente autoritário,
desconsiderando os profissionais da educação e os estudantes.
A
partir do anúncio público, professores, estudantes e pais
realizaram várias manifestações na capital e cidades do interior,
contra a medida e exigindo a abertura de negociações. E mais uma
vez o governador respondeu com o mesmo método que utilizou em outros
momentos: a truculência da Polícia Militar contra professores e
estudantes. Professores e adolescentes algemados, gás de pimenta,
agressões físicas.
Nesse
momento, estudantes estão ocupando escolas que o governador decidiu
fechar. E para enfrentar o perigo grave de estudantes ocupando uma
escola, o governador determinou o corte do fornecimento de água, o
cerco pela Polícia Militar e ingressou na Justiça com pedido de
reintegração de posse. Afinal, para o Alckmin, a escola é dele,
não é dos professores, estudantes e da população. E fica uma
pergunta: se a justiça conceder a reintegração de posse, o
governador vai mandar a tropa de choque invadir a escola e prender
todos que nela estiverem?
E
essa mobilização dos estudantes das escolas públicas de São Paulo
me fez refletir sobre a função social da escola.
Alguns
anos atrás, trabalhando no Acre, me deparei com uma notícia que
relatava a presença de estudantes do ensino médio de uma escola
privada de São Paulo, dessas que ocupam os primeiros lugares no
ENEM, que estavam em Xapuri conhecendo os seringais e a vida do Chico
Mendes.
Para
os filhos da elite, não basta estudar em livros, assistir filmes, é
preciso ir a campo, conhecer presencialmente, vivenciar a realidade.
Afinal, estão sendo formados para dirigir corporações, comandar
pessoas, tomar decisões, dirigir os rumos do País.
Enquanto
isso, nas escolas públicas, falta até mesmo os livros, as salas de
vídeo, um ônibus que possa levar alunos da periferia para um museu,
centro cultural ou qualquer atividade fora das salas de aula.
Afinal,
estudantes de escolas públicas na imensa maioria serão
trabalhadores, irão obedecer, cumprir ordens, terão subempregos,
serão a mão de obra disponível quando for necessário.
Para
esses, basta o livro didático ou o pacote educacional que os
treinarão até onde interessa que aprendam, no retorno da velha
discussão de décadas atrás de que servirão para apertar botões,
ligar e desligar máquinas, e hoje podemos dizer que no máximo saber
utilizar aplicativos produzidos pela Microsoft.
Mas
os meninos e as meninas das escolas públicas de São Paulo, como
volta e meia acontece, resolveram mudar o roteiro escrito pelo
Alckmin.
E
novamente, quando muitos pensavam que o famoso ME, ou movimento
estudantil, tinha sido domesticado, ou burocratizado, de uma vez por
todas, surge novamente o vigor e a ousadia adolescente pelas ruas e
avenidas. E novamente sentimos florescer o mito do poder jovem nos
gritos, mãos e sorrisos dessas meninas e meninos.
Que
a imaginação e o sonho algum dia cheguem ao poder.
“Coração
de estudante
Há que se cuidar da vida
Há que se cuidar do mundo
Tomar conta da amizade
Alegria e muito sonho
Espalhados no caminho
Verdes, plantas, sentimento
Folhas, coração, juventude e fé”
Há que se cuidar da vida
Há que se cuidar do mundo
Tomar conta da amizade
Alegria e muito sonho
Espalhados no caminho
Verdes, plantas, sentimento
Folhas, coração, juventude e fé”
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