Para uma corrente de cientistas nosso universo pode não ser uno, mas sim multi. Vários universos coexistindo paralelamente poderiam teoricamente comportar acontecimentos parecidos com o que ocorrem no nossos, porém com possíveis diferenças de tempo e de desenrolar da História.
Muitas são as semelhanças do momento político de Brasil e Argentina. Muitas são as diferenças também.
Maurício Macri é o Aécio Neves que deu certo num universo paralelo?
A
eleição de Maurício Macri, candidato da direita por margem
apertada contra Daniel Scioli, candidato do governo de Cristina
Kirchner, interrompe 12 anos de kirchnerismo.
Como
no Brasil, o governo argentino desde 2003 realizou obras importantes
no sentido de melhorar a vida do povo. Reduziu a pobreza, ampliou o
mercado doméstico, reestatizou empresas que haviam sido privatizadas
por Calos Menem, atuou na integração latino-americana, reduziu sua
dependência em relação aos EUA, investiu na Unasul, reviu a lei
que anistiava os crimes contra os Direitos Humanos praticados durante
a ditadura militar, ampliou a tributação dos mais ricos e aprovou a
Ley de Medios.
Como
no Brasil, também, a nova classe que emergiu passou a exigir mais do
governo.
Imediatamente
surgiu um candidato neoliberal afoito em acabar com tudo isso que
está aí, mas sem propostas concretas para o país. Macri é o Aécio
Neves hermano.
Porém,
se Aécio foi derrotado no Brasil, Macri, após uma reviravolta
sensacional no segundo turno, venceu na Argentina.
A
Dilma de lá não conseguiu eleger seu poste, Daniel Scioli.
Homem
sem expressão, sem carisma e aparentemente sem a garra necessária
para vencer, ou talvez deixando de se empenhar por achar que a
vitória seria fácil, Scioli, mesmo sem aguardar o último voto,
cumprimentou Macri pela vitória, cravando assim importante diferença
em relação ao candidato derrotado no Brasil.
Macri
então se torna uma nova e importante cabeça de ponte da direita na
América Latina, além de Peru, Chile, Colômbia e México.
Tentará
espalhar seu neoliberalismo. E já começou, mesmo sem ainda ter
assumido, ao declarar que a Venezuela deverá deixar o Mercosul.
Já
colocando as manguinhas de fora, o jornal La Nacion publicou um
editorial em que defendeu a revisão de penas aos ditadores e
torcionários do regime militar de 1976-83. Os jornalistas do próprio
jornal repudiaram o editorial. Isso demonstra o que serão os
próximos 4 anos na Argentina.
Na
esteira desse editorial, os jornais deverão solicitar a Macri que
elabore projeto anulando a Ley de Medios. E ele deverá atendê-los.
A
Venezuela poderá em breve também dar sua guinada em direção à
direita, quando se realizar seu próximo pleito.
A
retomada da América Latina pela direita é estratégica para os
Estados Unidos que investem cada vez mais na derrubada dos governos
de esquerda, seja através de financiamentos a candidatos
neoliberais, seja através da grande mídia ou ainda através do uso
de redes sociais e de movimentos pró impeachment e pró golpe.
O
PT pode se dar por feliz por ter vencido em 2014, mesmo por margem
apertada. Dilma se segura ainda no governo e pode conduzi-lo aos
trancos e barrancos até 2018.
Mas
se seu candidato a sucessor for um Scioli, nada feito.
A
lição veio então da Argentina e o PT tem muito a aprender com ela.
Se
a Polícia Federal, o Ministério Público, O STF e a mídia não
lograrem prender Lula até lá, só ele terá condições de
prosseguir no projeto progressista para o Brasil.
Para
o PT, mais uma vantagem: a presidente chilena Michelle Bachelet teve
seu candidato Eduardo Frei derrotado em 2010 por um direitista como
Macri, Sebastian Piñera.
Em
2014, diante do fracasso do governo neoliberal, o povo percebeu que
era feliz e não sabia e elegeu novamente Bachelet.
Até
2018 a Argentina deverá mostrar ao Brasil que o neoliberalismo não
melhorou o país.
Bastará
então mostrar isso ao eleitorado brasileiro.
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