É o que o jornalista Joseph Pulitzer afirmou: Com o tempo, uma imprensa cínica, mercenária, demagógica e corrupta formará um público tão vil como ela mesma.
Que
países tidos como não democráticos possuam órgãos de imprensa
que busquem noticiar somente aquilo que os detentores do poder
desejam, todos sabem, não é novidade.
A
mídia da Coreia do Norte é uma das mais rigorosamente controladas
do mundo. Como resultado, a informação é rigidamente controlada
tanto nas notícias internas, quanto nas externas.
Em
Cuba as emissoras de televisão estão ligadas ao Instituto Cubano de
Rádio e Televisão (ICRT), do Estado. O ICR é claro em sua
política: os meios de comunicação devem ser um instrumento de
orientação político-ideológico.
O
Granma, jornal de maior tiragem do país, com mais de 700 mil
exemplares diários, publicado pelo partido, umpre uma missão de
salvaguarda dos ideais revolucionários.
No
Brasil, durante a ditadura, todos os jornais, revistas e emissoras de
rádio e televisão sofreram censura rigorosa após o Ato
Institucional N° 5, o AI-5. A maioria também colaborou com o
regime, pricipalmente a Rede Globo e a Folha de São Paulo que
inclusive fornecia veículos para o Dops.
Faz
parte dos regimes não democráticos.
Todos
sabemos que hoje vivemos em plena Democracia, por isso a mídia não
sofre censura nem intimidação por parte do governo.
Pelo
contrário, o que vemos diariamente são nossos jornais fazendo
exatamente o inverso do que órgãos de imprensa costumam fazer em
regimes autoritários. A defesa cega da oposição, enquanto atacam o
governo.
Os
parvos, aqueles que acreditam que vivemos em uma ditadura comunista
do PT, logicamente discordam. Mas sobre essa falta de neurônios não
vale nem a pena comentar.
Foi
recentemente publicada uma pequena nota nos jornais dando conta da
citação do governo FHC como tendo recebido o aporte de 100 milhões
de dólares que em dias de hoje equivaleriam a cerca de um bilhão de
reais.
Ao
mesmo tempo, a segunda manchete principal (a primeira noticiava o
falecimento do músico inglês David Bowie) mostrava uma vaga delação
ao ex-presidente Lula, que não faz parte do governo, mas sim do
partido que governa, o PT e que poderá vir a ser candidato em 2018.
A
delação que envolveu Aécio Neves também foi discreta e os jornais
já se esqueceram.
Não
há um dia sequer em que a presidenta Dilma, Lula ou um expoente
qualquer do governo ou do PT não seja capa dos jornais ou de seus
portais.
A
bola da vez agora tem sido o ministro Jaques Wagner. Ele andou dando
entrevista e de certa forma ganhou um pouco de notoriedade. Foi
preciso então cortar suas asinhas, antes que ele se sinta a vontade
para voar e disputar o Planalto.
Os
factoides aparecem sempre em manchetes, uma vez que pouca gente se
dispõe a comprar jornal e ler o artigo completo. Depois os autores
da ''notícia'' emitem uma notinha de rodapé em algum lugar dentro
do jornal com um ''ERRAMOS''. Esta tem sido a estratégia preferida.
O intuito não poderia ser mais claro, insuflar o ódio contra um só partido para que as pessoas com opinião ''formada'' sejam usadas como massa de manobra na luta para que os que detiveram o poder por 500 anos voltem.
É o que o jornalista Joseph Pulitzer afirmou: Com o tempo, uma imprensa cínica,
mercenária, demagógica e corrupta formará um público tão vil
como ela mesma.
Mas
se no Brasil temos uma mídia tão desprovida de confiabilidade, não
pensem que ela é a pior do mundo.
Não,
nesse quesito a Argentina vem dando um baile até nos jornais da
Coreia do Norte.
Rogério
Macri, o presidente recém-eleito é comprometido em extinguir a Ley
de Medios que a ex-presidenta Cristina Kirchner lutou para aprovar e
que fazem as famílias donas da mídia brasileira perderem o sono.
Em
virtude disso, os principais jornais como o Clarin fazem o inverso do
que fazem os jornais do Brasil. Elogiam cada ato, cada detalhe, cada
fio de cabelo de Macri, como se ele fora um ídolo pop juvenil. Só
falta ter um poster dele em cada repartição das redações.
É quase o mesmo que as empreiteiras fazem no Brasil: financiam um candidato para cobrar obras mais tarde.
Minha
amiga, Renata Gouveia Delduque se deu ao trabalho de coletar as
manchetes do Clarin em um único dia que, a título de ilustração,
exponho aqui:
“A
estratégia de comunicação de Macri: informar 18 horas por dia”:
“Após doze anos de governo Kirchnerista, com a preferência pelas
cadeias nacionais e aversão aos jornalistas, a estratégia da nova
administração federal é “atuar e gerar notícias” todos os
dias”.
“Governo
de Macri tenta retomar controle de agência reguladora de
comunicações”
“O
primeiro desafio do novo governo será controlar as manifestações
de rua”
“Macri
mandou fazer oito auditorias para avaliar como Cristina deixou o
governo”
“Chega
ao fim herança kirchnerista de restringir importação de livros”
“Receita
do setor agrícola argentino cresce 100% após medidas do governo”
“Esperamos
uma colheita de 120 milhões de toneladas”
“Ministros
brasileiros elogiam fim do controle cambial e dos bloqueios ao
comércio na Argentina”
“Primeiros
anúncios econômicos de Macri interessam diretamente ao Brasil”
E
A CEREJA DO BOLO:
“Pesquisa
indica que a maioria dos argentinos acha que 2016 será melhor que
2015”
Ou
seja, ao contrário do pessimismo brasileiro, a Argentina é otimista
para 2016.
Essas
manchetes me lembram aquela narradora de notícias da televisão
norte-coreana que não se limita a narrar, mas o faz com uma retórica
ufanista e emocionada.
Mas
se a mídia argentina conseguiu ser pior do que a brasileira, não
tenham dúvidas que se Aécio Neves tivesse sido eleito em 2014, o
ano de 2015 seria considerado o mais exitoso em 12 anos. Não haveria
crise econômica, Míriam Leitão e Carlos Alberto Sardenberg
mostrariam dados diários de um Brasil que enfim se recuperou e
atravessa um período de pujança em todos os setores.
Joseph
Goebbels, ministro da Propaganda do Reich na Alemanha Nazista
afirmava que uma mentira contada mil vezes virava verdade.
É
o que as mídias argentina e brasileira fazem diariamente, apenas com
os sentidos ideológicos invertidos.
A quem tenta adivinhar quem vai ser manchete nos jornais de amanhã, não esperem que seja esta:
Cerveró não confirma propina a Lula em delação oficial!
A quem tenta adivinhar quem vai ser manchete nos jornais de amanhã, não esperem que seja esta:
Cerveró não confirma propina a Lula em delação oficial!
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