Charge: Aroeira |
Já a culparam pelos estádios e aeroportos não ficarem prontos a tempo para a Copa do Mundo.
Já tentaram carimbar na sua testa a palavra ''corrupta''.
Já quiseram meter-lhe um impeachment sem razão prevista na Constituição.
Um ex-presidente exigiu sua renúncia.
A novidade agora é culpar Dilma pela pior crise econômica que estamos vivendo na História.
Não
que Dilma Rousseff nunca mereça críticas. Há casos em que merece
sim.
Por
exemplo, quando escreve artigo na Folha de São Paulo, jornal
matreiro que se aproveita do convite feito à presidenta, atendido
com cortesia, para inserir na primeira página a foto de um balão
onde se lê ''fora Dilma, fora PT!''
É
golpe. E rasteiro.
Mas
é um erro de Dilma, também. Não precisa escrever para a Folha,
escreva para os blogs que não vão lhe aplicar nenhum golpe.
Mas
há críticas não merecidas também.
Recentemente
Jaques Wagner, ministro da Defesa e Casa Civil criticou o governo
pelo excesso nas desonerações. Lula também fez a mesma crítica
recentemente.
Lula,
no seu segundo mandato, zeloso quanto à crise econômica decorrente
da falência do banco Lehmann & Brothers em 2008, desonerou
vários produtos, passando assim quase que incólume pela marolinha
enquanto o mundo inteiro enfrentava um tsunami. O ex-presidente foi
aclamado internacionalmente pela sua visão bem mais ampla do que
qualquer economista que teria adotado medidas recessivas.
Dilma
atravessou seu primeiro mandato mantendo e até ampliando as
desonerações, fazendo com que o Brasil, ao contrário dos países
de primeiro mundo, atravessasse um período de calmaria e bem estar
econômico.
Esse
bom momento, que estava representado nos bons índices de aprovação
do governo, de uma hora para outra, com as ''jornadas de junho'',
acabou de maneira artificial quando a mídia se aproveitou do
protesto inicial do Movimento Passe Livre e mudou totalmente o foco
das manifestações a seu favor.
Pronto,
agora Dilma era uma incompetente.
Para
a mídia, a Copa do Mundo seria um fracasso, os estádios não
ficariam prontos, os aeroportos não comportariam o número de
turistas e as obras de mobilidade não se concluiriam.
A
Copa foi um sucesso (menos o 7 a 1 para a Alemanha), mas isso não
impediu que Dilma fosse vaiada e xingada de vaca na cerimônia de
abertura.
A
presidenta vence o pleito de 2014, sendo reeleita.
Passado
um ano sem que houvesse um dia sequer de trégua por parte da mídia
e da oposição que querem sua cabeça a qualquer custo, assistimos
enfim uma crise econômica se desenhando.
Rebaixamento
da nota de investimentos do Brasil, aumento no desemprego para 8,3%,
corte de recursos e aumento de inflação para 9% ao ano.
Para
aqueles que desde o governo Fernando Henrique, há 13 anos atrás,
não sabem o que é uma crise econômica, esta é a primeira.
Não
há portanto como avaliar, simplesmente por falta de uma referência.
Isto
poderia ser resolvido com simples pesquisas no Google, mas a preguiça
é tanta que os jovens preferem hoje somente ler as manchetes dos
jornais que, malandramente, escondem os dados que poderiam servir
como comparação.
Pior, a mídia alardeia esta como sendo a pior crise de nossa História. O desemprego é o maior, a inflação a maior, assim por diante.
Se
tomarmos como referência o próprio governo FHC, veremos que o
Brasil naquela época foi ao FMI três vezes, o desemprego atingiu
15% e a inflação 12,5%.
Se
formos mais para trás, no governo Sarney, embora o desemprego fosse
baixo, 2,9%, a inflação chegou a insuportáveis 1764%! Dá para
imaginar o que é uma crise de fato?
Voltando
a Wagner, Lula e muitos outros, inclusive blogueiros de esquerda, que
já criticaram a presidenta sobre o exagero nas desonerações,
afirmo que estão entrando no jogo da mídia e da oposição que
tenta desqualificar Dilma como se ela não fosse uma boa gerente.
A
imprensa tenta desconstruir a imagem de boa gerente que a presidenta
tem ao forçar a barra em questões como aquela da mandioca ou mesmo
da acumulação de energia eólica que, como já vimos, têm
explicações fora da caixinha da mídia.
Logicamente
há que reconhecer que do ponto de vista político e de oratória ela
é uma negação, mas sua qualidade justamente é ser uma boa
técnica, haja vista sua atuação enquanto ministra de Minas e
Energia no governo Lula.
Mas isso não é motivo para um golpe, como quer o derrotado Aécio Neves.
Política
econômica não é uma ciência exata em que se pode prever os
resultados de um equacionamento.
As
variáveis são tantas, políticas, internacionais, estruturais,
financeiras, que as melhores medidas a serem tomadas são aquelas que
são tomadas no momento em que se precisa decidir.
E
foi o que Dilma fez.
Afirmar,
passados alguns anos, que ela errou é ser no mínimo leviano.
O
mais honesto seria dizer que as medidas não surtiram o efeito
esperado.
Um
currículo não se destrói sorrateiramente.
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