sábado, 13 de setembro de 2014

O povo sem voz

Por Fernando Castilho


O Bolsa-família foi criado em janeiro de 2004 pelo presidente Lula.

De lá para cá, cerca de 30 milhões de pessoas saíram da linha de miséria ou pobreza, passando a compor uma nova classe social, agora capaz de consumir e dar sua contribuição ao crescimento econômico do país.

Calcula-se que ainda há cerca de 13 milhões de pessoas vivendo em condições de miséria no país. Muito ainda terá que ser feito.

Passaram-se 10 anos. Estamos na 3ª eleição presidencial após o lançamento do programa.

Porém, o que observamos?
Com exceção de Lula, e depois, de Dilma Rousseff, os partidos de oposição ainda não perceberam a força desse contingente.


Em 2006, Geraldo Alckmin (PSDB), Heloísa Helena (PSOL) e Cristóvão Buarque (PDT) não deram bola para essas pessoas, que ainda eram em número reduzido, habituados a pensar que a maioria do povo brasileiro não passa de lumpen, não tem consciência política, não vota...


Em 2010, José Serra (PSDB) e Marina Silva (PV) ignoraram solenemente os novos não-pobres, já numerosos. Perderam a eleição por isso.

Agora em 2014, Aécio Neves (PSDB) errou muito ao anunciar medidas impopulares, caso vencesse as eleições. Prometeu transformar o bolsa-família em lei, mas isso foi interpretado como um canto de sereia. Mais falso, impossível. Aécio já está fora da disputa.

Marina Silva (PSB), comete o mesmo erro. Ignora esse verdadeiro exército que vai fazer a diferença.

Marina anuncia um programa de governo mais neoliberal até que o do tucano. Não fala sobre a continuidade dos programas sociais. Aliás, Eduardo Gianetti, talvez seu futuro ministro da fazenda, já afirmou que num primeiro momento o governo de Marina vai ter que colocar os programas em segundo plano, para arrumar a casa (?).

Mas alguém perguntará: será que o povão entende o que significa isso?

O povão não é formado em economia, mas tem uma percepção meio intuitiva de que a coisa não será boa pra ele. Não é bobo.

Dona Maria tem um filho no Pronatec. Antes, devido às dificuldades em prosseguir nos estudos, estava parado, fazendo bicos. Agora estuda para ser técnico em impressão offset.

Seu João tem uma filha na faculdade, por conta do Prouni. Está cursando Farmácia.

José e Raimunda até recentemente tinham que se deslocar de onde moram, um pequeno lugarejo, para a cidade média mais próxima, para serem atendidos em um hospital, onde marcariam consulta para dali a 3 meses. Com o Mais Médicos, são atendidos perto de sua casa, sem marcação de consultas.

A família de Joaquim foi contemplada com uma casa com aquecimento solar, fruto do programa Minha Casa Minha Vida. É lá que criarão os filhos.

A família de Sebastião está feliz. Agora tem energia elétrica em casa, advinda do programa Luz para Todos. Já compraram geladeira e televisão.

Auricéia, menina de 17 anos, está toda faceira, pois aproveitou o programa Brasil Sorridente, deu uma geral nos dentes, e agora exibe um bonito sorriso. Sua auto-estima aumentou muito.

Há alguns anos atrás, seu Paulo morria de medo de perder seu emprego, afinal, já havia sido cortado várias vezes, ocasionando meses de procura e de sofrimento. Agora, com uma situação de pleno emprego, consegue planejar sua vida, comprou sua casa, comprou seu primeiro carro zero quilômetro, e agora quer viajar para a Disney. Tudo pago em prestações. Dá para planejar.

Todas essas pessoas (os personagens são todos fictícios, mas na realidade existem aos milhões), além de beneficiadas por programas que antes de 2002 não existiam, agora ajudam a movimentar a roda da economia. Foram promovidas.

Reconhecerão a importância da manutenção dos programas sociais, para que mais e mais brasileiros sejam beneficiados, e que um dia a pobreza seja erradicada no Brasil.

Apesar de Dilma estar com 39% das intenções de voto, segundo a última pesquisa Ibope, 44% dos eleitores acham que ela vencerá. Isso não é à toa.

Historicamente, os levantamentos dos institutos de pesquisa ''esquentam'' os candidatos preferidos da mídia e das elites, para, conforme o dia das eleições se aproxima, ir aos poucos ''esfriando-os''. Foi por isso que deu Lula mais uma vez em 2006 e Dilma em 2010. Sem falar em Fernando Haddad, eleito prefeito de São Paulo, em 2012.

Além disso, nos dias que antecedem o pleito, bate a paúra na população pobre. O medo de perder tudo aquilo que conquistou pelos próximos 4 anos. Não largará o certo pelo duvidoso.

Novamente os partidos de oposição ao PT e a grande mídia insistem em cometer o mesmo erro, de falar somente à classe média e rica. Afinal, pensam eles, somos nós os formadores de opinião, e somos nós os donos históricos e de direito deste país.

Ledo engano.
Levarão mais uma fubecada.




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