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Poema por Ana Helena Tavares (livre adaptação de Quem te viu, quem te vê, de Chico Buarque de Holanda)
Para
Marina Silva, com carinho:
Você
era a mais vibrante das alunas da escola
Você sorria radiante, você lutava até por bola
Hoje você se esvazia, mas a luta continua
O povo ainda rala, ainda clama, ainda sua
Você sorria radiante, você lutava até por bola
Hoje você se esvazia, mas a luta continua
O povo ainda rala, ainda clama, ainda sua
Hoje
a passeata chora pela falta de você
Quem
não te viu chorar
Não consegue mais te ver sorrir
Quem te viu lutar
Não aceita o seu fugir
Não consegue mais te ver sorrir
Quem te viu lutar
Não aceita o seu fugir
Quando
a luta começava você era a mais valente
E se a dor apertava a sua força era na mente
Hoje o país é outro e a arbitrariedade é de outro tipo
Mas existe e você nada, como se não fosse mais contigo
E se a dor apertava a sua força era na mente
Hoje o país é outro e a arbitrariedade é de outro tipo
Mas existe e você nada, como se não fosse mais contigo
A
nossa música, você lembra? Era forte, era protesto
A utopia era o que importava, pra depois ficava o resto
Hoje, saudoso, eu visito aquele locais que tinham vida
Pra dizer aos meus olhos que buscamos uma saída
A utopia era o que importava, pra depois ficava o resto
Hoje, saudoso, eu visito aquele locais que tinham vida
Pra dizer aos meus olhos que buscamos uma saída
Todo
dia olho no espelho e me orgulho dos seringais
Os do Chico, o seringueiro, que derrubou oligarquias
Imaginas como me dói escrever-lhe estas linhas?
Assistindo-a ir à TV dizer tantas patifarias?
Os do Chico, o seringueiro, que derrubou oligarquias
Imaginas como me dói escrever-lhe estas linhas?
Assistindo-a ir à TV dizer tantas patifarias?
Quem
teve ânsia de justiça, não se acostuma à covardia
Quem quis mudar o mundo, não o vive sem magia
Não sei como você pode ter vendido a sua alma
É triste, é deprimente, não me peça pra ter calma
Quem quis mudar o mundo, não o vive sem magia
Não sei como você pode ter vendido a sua alma
É triste, é deprimente, não me peça pra ter calma
Hoje
a passeata chora pela falta de você
Por
Ana Helena Tavares (livre adaptação de Quem te viu, quem te vê, de
Chico Buarque de Holanda)
Quando
Fernando Henrique Cardoso assumiu a Presidência da República em
1995 declarou: ''Esqueçam tudo o que escrevi''.
Essa
frase sinalizou que o sociólogo que lutou junto a Lula pelas
''Diretas Já'' preferiu capitular diante da força das elites e da
mídia que haviam derrubado Fernando Collor, e agora exigiam um
neoliberalismo forte, alinhado com Washington.
Lula
antes das eleições de 2002 divulgou sua Carta ao Povo Brasileiro onde procurou acalmar o mercado que via sua eleição
com imenso medo. Não abriu mão das mudanças que pretendia
realizar, mas afirmou que respeitaria os contratos e obrigações do
país.
E
durante seu governo, e também o de Dilma Rousseff que lhe deu
continuidade, assistimos exatamente a isso. Mudanças importantes
foram feitas, reduziu-se a pobreza e a miséria, aumentou-se o
salário mínimo, etc.. Porém, sabe-se que a elite financeira do
país também não tem do que reclamar.
Agora
há como tentar compreender a ''guinada'' de 180° na postura que
Marina Silva vinha tendo até a morte de Eduardo Campos.
Marina
nas eleições de 2010 não era a Osmarina da Silva dos tempos de
Chico Mendes, mas também ainda não era a Marina ''Setúbal'' da
Silva de agora. Naquela época, pode-se dizer que ela era a autêntica
Marina. Procurou durante a campanha, mesmo com um ou outro deslize nos debates, não arredar mão de suas fortes convicções. Embora
com votação muito expressiva, de cerca de 20 milhões de votos,
perdeu a eleição para Dilma que ficou em primeiro lugar, e para
José Serra, que amealhou o segundo lugar.
Seu
discurso ambientalista não cativou as elites, a mídia e o mercado
financeiro. Marina percebeu isso.
Ao
tentar fundar seu próprio partido, a Rede Sustentabilidade, a
ex-senadora procurou caprichar. Suas opiniões fizeram a cabeça dos
chamados sonháticos, que viram nela sua libertadora dessa política
cheia de negociações, de acordos, de alianças que acontecem em
nome da chamada governabilidade. Essa política, que é a verdadeira
política, que é própria da democracia, fora chamada de ''velha
política''. A Rede passa a reivindicar uma ''nova política'' para o
país.
Pura
por excelência, a nova política não admite aquilo que é inerente
à política.
Na
Rede, muitas reuniões de grupos de discussão temáticos foram
levados a cabo por vários meses. Questões como regularização de
drogas, aborto, políticas públicas para a população LGBT,
desenvolvimento sustentável, matriz energética, entre outras
formaram um arcabouço de ideias a serem colocadas em prática como
Programa de Governo, caso Marina Silva fosse eleita.
Mas
a Rede não conseguiu se viabilizar como partido dentro do prazo
legal.
Marina
deu uma sumida por alguns dias, e inesperadamente reapareceu ao lado
de Eduardo Campos do PSB, a tempo de ser inscrita como candidata a
vice-presidência.
Seus
seguidores passaram por um período de desorientação, mas após
isso, a maioria acompanhou Marina.
Mas
ela, na condição de vice, ainda podia manter comodamente sua
coerência e aura. Afinal, quem deveria fazer o papel de
representante da velha política era Campos.
E
ele não se fez de rogado. Costurou, contra a vontade da acreana,
inúmeras alianças nos estados e captou, através de Márcio França
(candidato a vice-governador na chapa de Geraldo Alckmin em São
Paulo) recursos provenientes de empresas fabricantes de armas,
trangênicos, tabaco e bebidas alcoólicas.
Marina
seria preservada ao lado de Campos como uma jóia rara, detentora de
seguros 20% do eleitorado, que somados aos votos do pernambucano, lhe
dariam competitividade.
Porém,
não foi o que aconteceu. A candidatura de Campos não decolou.
Mas
seu avião sim.
E
caiu.
Um
acidente suspeito. Há teses que sustentam que por trás do
acontecimento estão forças que tentam a todo custo desmantelar os
BRICS, do qual o Brasil faz parte.
O
mega investidor George Soros tem financiado movimentos contra os
governos em vários países do mundo, com interesse em manter suas
especulações. Matéria completa aqui
Campos
faleceu, e Marina Silva olhou-se no espelho e se viu Presidenta.
Neca
Setúbal, herdeira do Itaú, que já tinha projeto para Marina,
percebeu que a hora era agora. Em conversa com André Lara Resende e
Eduardo Gianetti, economistas neoliberais, foi consenso de que desta
vez teria que ser diferente de 2010. Teria que ter apoio da mídia, e
ao mesmo tempo, sinalizar ao mercado financeiro, que ela não é
nenhum bicho papão.
Ao
quarteto se juntou Wálter Feldman, ''ex-tucano'', escolado por 30
anos dentro do PSDB, que argumentou que se ela conseguisse que sua
candidatura atingisse rapidamente um patamar alto o suficiente para
mandar Aécio Neves para a terceira colocação, praticamente
alijando-o da disputa, deveria ela, Marina assumir o legado do
candidato, isto é, suas propostas neoliberais, que se
consubstanciariam em seu Programa de Governo.
Ao
mesmo tempo, Marina participaria de um debate na Band, onde afirmou
que não tinha nada contra a elite, da qual Neca e Chico Mendes
faziam parte (!).
Participaria
também da entrevista no Jornal Nacional, onde declarou que é lenda
dizer que ela é contra os trangênicos, pois ela nunca o fora (!).
Desconstrói-se
assim sua imagem anterior, e constrói-se aquela destinada a governar.
O
pessoal da Rede apressou-se em elaborar o Plano de Governo, já
incorporando as ideias neoliberais conservadoras (Aécio até afirmou
em comício que as propostas lhe foram plagiadas).
Além
disso, o plano desconsiderou o pré-sal e seu 1,3 trilhão de reais
destinados à educação (75%) e saúde (25%). Acrescentou-se ainda
um diferencial: a autonomia do Banco Central, certamente uma
imposição de Neca Setúbal, que possibilitaria aos bancos manipular
as taxas de juros como lhes forem convenientes.
Talvez
o único ponto, fruto das discussões internas da Rede, mantido no
original, portanto honesto e até avançado, tenha sido o das
políticas públicas para as populações LGBT.
Por
um dia apenas, pois, pressionada, principalmente por Silas Malafaia,
Marina passou totalmente para o lado escuro da Força.
Pode-se
dizer que Marina preferiu o voto dos evangélicos em detrimento dos
gays? Possivelmente gays ainda votarão nela.
Mas
o que se percebe nas redes sociais?
Lógico
que não é nada científico. Não é uma pesquisa, mas observa-se
que grande número de pessoas que apoiavam Marina, perceberam o
quanto foram enganados e já começam a desembarcar de sua
candidatura.
Para
onde irão?
Incógnita.
Muitos
deles são apolíticos.
Muitos
deles são anti-PT, movidos pelo que a mídia lhes prega.
Mas
muitos também percebem que não podemos voltar ao tempo em que o
neoliberalismo quase acabou com o Brasil, gerando desemprego e
aumentando enormemente o abismo entre as classes sociais.
Marina
Silva se meteu numa grande aventura. A maior de sua vida.
Nunca
mais há de ser a mesma.
Esqueçam
tudo que ela falou.
Pataxó |
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