A
mídia, sempre ela.
Na
sua obra OS MEDIA E A CONSTRUÇÃO DOS CARAS-PINTADAS, Thales Torres
Quintão explica:
''A
mídia jornalística entende a política, à sua própria maneira, de
acordo com suas
estratégias
de visibilidade e credibilidade da informação. A função da mídia
para servir como condutora de comunicação na esfera pública mudou
a ponto de o receptor da mensagem deixar de ser público e passa a
ser transformado em audiência, em uma aglomeração de indivíduos
consumistas, o que significa supor a existência de um processo de
modelagem da política pela mídia.'' Leia mais aqui
Getúlio
Vargas em seu segundo mandato como presidente foi pressionado, pela
imprensa e por militares, a renunciar ou, ao menos, licenciar-se da
presidência. O Manifesto dos Generais, de 22 de agosto de 1954,
pediu a renúncia de Getúlio. Foi assinado por 19 generais de
exército.
Em
virtude disso, sem encontrar saída para a situação, Getúlio se
suicidou na madrugada de 23 para 24 de agosto de 1954.
Vitória
da mídia.
João
Goulart havia sido democraticamente eleito em 1961 vice-presidente do
Brasil.
Após
a renúncia de Jânio no mesmo ano de 1961, o povo, em 1963, optou
pela volta do regime presidencialista. João Goulart, finalmente,
assumiu a presidência da República com amplos poderes, e durante
seu governo tornaram-se aparentes vários problemas estruturais na
politica brasileira, acumulados nas décadas.
No
dia 13 de março de 1964, a realização do comício em frente à
Estação Central do Brasil, desencadeou a chamada ''Marcha da
Família com Deus pela Liberdade'', nome genérico de uma série de
protestos Brasil afora, convocados pela imprensa, principalmente, O
Estado de São Paulo, Folha de São Paulo, Correio da Manhã
(editorial de Carlos Heitor Cony), Jornal do Brasil (editorial de
Alberto Dines) e o Globo, que colaboraram decisivamente com o golpe
militar.
O
estudo do professor de história Eduardo Zayat Chammas analisou
editoriais dos veículos Correio da Manhã e Jornal do Brasil entre
1964, ano do golpe, e 1968, ano de implantação do Ato Institucional
5 (AI-5). Os dois jornais, nesse tipo de texto que expõe a opinião
do veículo, mostraram-se a favor da queda de João Goulart do poder.
O primeiro, inclusive, publicou editoriais na capa pedindo a saída
do presidente e se declarou “herdeiro dos ideais democráticos da
revolução de 1964”, segundo Chammas. leia mais aqui
A
mídia venceu mais uma vez.
Chega
a era Collor.
Depois
de praticamente colocar Fernando Collor na presidência do Brasil em
1989, para o que não faltou um debate eleitoral editado de maneira
escandalosa pela Rede Globo, que causou a derrota de Lula, num dos
maiores embustes que a história política e mediática já produziu,
a mídia criadora passa a fazer oposição à criatura.
Fausto
Neto (1994) mostrou a competência da mídia indo muito além de
relatar certo acontecimento. A imprensa, principalmente a escrita,
“produziu” o impeachment. Ao publicar os depoimentos de Pedro
Collor na revista Veja, e do motorista Eriberto França na revista
Isto É, que alegavam a relação entre Fernando Collor e PC -
Farias, os meios de comunicação como um todo, tornaram visível tal
evento ao grande público quando o transformou em discurso
jornalístico. Essa transformação em discurso jornalístico
garantiu a existência desse fato no sentido de ser um problema real,
caracterizando a corrupção como uma mazela social.
E
assim, essa cobertura jornalística pautou a própria ação da CPI,
uma vez que os veículos influem nos rumos dos fatos. Leia mais aqui
Logicamente
Collor de Mello é um facínora, e o fato de ter sido absolvido após
20 anos de processo, não o livra de um julgamento moral, já que as
provas contra ele são fartas. Foi absolvido por nosso Judiciário
que se utiliza sempre de dois pesos e duas medidas.
Mas
de qualquer forma, ajudando Collor na eleição e depois ajudando na
sua queda, a mídia venceu.
Ah,
o julgamento da Ação Penal 470, totalmente mediático.
Desde
2005, após o escândalo dos Correios, a mídia não deixou de,
sequer um dia, publicar uma linha que fosse sobre o apelidado
mensalão.
Valeu
de tudo: ilações, falácias, indícios, suspeitas, mentiras (como
no envolvimento de Luíz Gushiken).
Oportunidade
única para mandar para o limbo o principal nome que Lula tinha no
governo, e que poderia vir a sucedê-lo em 2010.
Para
a mídia, próprio Lula não conseguiria se reeleger em 2006. Mas
conseguiu, apesar do bombardeio diário. E ainda elegeria um poste em
2010!
Derrota
fragorosa da mídia.
Os
protestos no Brasil em 2013, também conhecidos como jornadas de
junho, por todo o país, inicialmente surgiram para contestar os
aumentos nas tarifas de transporte público, principalmente nas
principais capitais.
O
colunista Arnaldo Jabor foi a TV Globo criticar os protestos pois
acreditava que se tratava de gente da esquerda, do PT, a quem odeia.
Após levar um puxão de orelhas da emissora, que enxergou ali uma
oportunidade única de desestabilizar o governo e, quem sabe,
reeditar a marcha da família, Jabor no dia seguinte mudou seu
discurso, passando a não só apoiar, mas também a insuflar os
protestos, sob o slogan ''o gigante acordou''.
Quatro
dias depois, um grande número de populares tomou parte das
manifestações nas ruas em novos diversos protestos por várias
cidades brasileiras e até no exterior. Em seu ápice, milhões de
brasileiros estavam nas ruas protestando não apenas pela redução
das tarifas e a violência policial, mas também por uma grande
variedade de temas como os gastos públicos em grandes eventos
esportivos internacionais, a má qualidade dos serviços públicos e
a indignação com a corrupção política em geral.
As
jornadas de junho acabaram sendo as maiores mobilizações no país
desde as manifestações pelo impeachment do então presidente
Fernando Collor de Mello em 1992, e chegaram a contar com até 84% de
simpatia da população.
Qual
a razão de tudo isso? Havia um foco nos protestos? Claro que não.
A
mídia precisa que a oposição vença as eleições de outubro. Vai
mal das pernas, precisa de socorro do BNDS, que Dilma negou, assim
como Lula em 2003.
Com
os tucanos vencendo, está tudo garantido. Uma ação entre amigos.
E
como os tucanos não tem projeto para o povo do Brasil, a não ser o
bolsa-família (ué, mas este já não existe?) e a redução do
salário mínimo que, segundo Armínio Fraga, está alto demais, é
preciso um esforço midiático.
Mas
a presidente Dilma Rousseff foi à televisão e anunciou sua
disposição de implementar um plebiscito pela reforma política,
além de reconhecer a legitimidade do movimento, que não deixou de
existir, mas recrudesceu.
A
mídia foi derrotada.
Em
março, após 50 anos do golpe militar, os jornais perceberam que
poderiam lançar um balão de ensaio para saber quantas pessoas
estariam afim de uma nova ditadura. Não custava tentar, quem sabe
milhões de enrustidos saíssem às ruas pedindo a volta do regime,
não?
Editoriais
foram escritos elogiando algumas ''conquistas'' daqueles tempos
negros. Chegaram a publicar entrevistas com loucos facínoras
destilando ódio e muita confusão mental.
Deram
ampla cobertura à nova Marcha da Família, que rendeu uma meia dúzia
de lunáticos, pobres coitados, dignos de pena.
Mais
uma derrota.
A
próxima tentativa de desestabilização do governo é o protesto
''não vai ter copa''.
E
quem deu o start?
Adivinhem,
a mídia.
Sempre
ela.
Bastou
alguns colunistas de jornalões escreverem sobre contradições em se
realizar uma Copa do Mundo num país carente de saúde, educação,
segurança. Como se eles estivessem realmente preocupados com isso.
A
Rede Globo já havia faturado seu quinhão com a venda de direitos de
transmissão, mas agora vislumbrava faturar também com matérias
sobre protestos.
A
inviabilização da Copa no Mundo no Brasil teria grande repercussão
dentro e fora do país, o que certamente significaria a derrota de
Dilma em outubro.
Pois
bem, exageraram na dose, os protestos foram ficando cada vez mais
violentos, a ponto de as pessoas comuns começarem a coçar as
orelhas, se perguntando o por que de tanta raiva, de tanta violência.
Perceberam que os protestos não são espontâneos.
E
as pesquisas de opinião mostraram que o povo já cansou.
O
povo viu in loco (já que a mídia não mostra) as obras ficando
prontas (embora não todas), os estádios ficando muito bonitos, os
aeroportos sendo concluídos, etc..
Agora
quer a Copa.
Quer
entrar no clima de festa.
Torce
para que o evento seja um sucesso.
Quer
o time do Brasil campeão.
E
a mídia perde mais uma vez.
E vai perder definitivamente quando a regulamentação da mídia for aprovada.
E vai perder definitivamente quando a regulamentação da mídia for aprovada.
Igual
ao coyote que persegue sem tréguas o papa-léguas... E é sempre derrotado...
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