Ao
assistir pela TV a abertura da Copa do Mundo do Brasil, o que me
chamou a atenção de imediato foram os elementos estilizados que
homenageavam a natureza, o povo brasileiro e o futebol. Mais
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Um
espetáculo limpo, simples, com um colorido às vezes em tom pastel, às vezes
numa combinação de lilás e verde musgo. Com classe.
Todos
os elementos se movimentavam pelo campo, dando de cima uma impressão
de movimento, rítmo e cores bastante interessante.
Os
bailarinos, todos sorridentes, demonstravam a alegria de ser
brasileiro e de estar ali naquele momento que se repetiu após 64
anos.
A
empresa contratada pela FIFA (sim, foi inteiramente responsabilidade
da FIFA) para organizar as festas foi a Team Spirit, que contratou
Franco Dragone, que foi diretor artístico do Cirque du Soleil por
cinco anos. Leia mais
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O
espírito da festa de abertura foi definido pelo diretor contratado
para isso – no caso do Brasil: Franco Dragone – e por quem fez a
coreografia. A coreógrafa da abertura da Copa no Brasil foi a belga
Daphné Cornez, que está recebendo críticas grosseiras de quem não
tem capacidade de criticar espetáculo nenhum de dança, simplesmente
por não ter o hábito de frequentá-los.
Eles
analisaram as condições do local onde seria feito o evento. A
abertura é feita no estádio onde menos de uma hora depois vai
acontecer o jogo de abertura do evento.
Assim,
a coreografia que vimos foi realizada sobre uma lona especial que
permite a respiração do gramado. Como a lona é a única proteção,
não é possível que elementos muito pesados adentrem o gramado. Por
si só, esse já é um elemento bastante limitador.
Mas
essa parte do espetáculo foi a que considerei especialmente bonita.
Quem
não gostou?
Ora,
muita gente já tinha o espírito preparado para detestar a abertura.
Misturando política com esporte e falta de patriotismo e muito
vira-latismo, qualquer que fosse o espetáculo, bonito ou feio, pobre
ou rico, seria vaiado.
Gente
que, apesar de ter dinheiro para viajar e conhecer museus da Europa,
prefere fazer compras em Miami, ou marcar presença nos hotéis de
Cancun, ou ainda, jogar dinheiro fora em Las Vegas. Onde está a
finesse?
Gente
insensível à arte, que compra quadros caros só para mostrar que
pode, mas que é incapaz de apreciá-los. Onde está o glamour?
Gente
que foi preparada meses a fio pela grande mídia, que ocultou o
quanto pôde o fato de que a responsabilidade do evento seria da
FIFA, e que, por ser simples, não poderia ser um megaevento com
carros alegóricos, fogos de artifício e explosões como nos filmes
de Hollywood. Aliás, se fosse, isso também seria motivo de crítica
pelo enorme gasto desnecessário num país sem saúde, educação,
bla, blá, blá, etc. e tal.
E
a mídia continua a cumprir seu papel de desinformar, criticando o
espetáculo a todo momento, para que no imaginário popular mais
desavisado se calcifique como responsável, o Governo. Lógico,
precisa baixar os índices de Dilma nas pesquisas.
A
segunda parte do espetáculo foi a música da Copa ''We are one'',
interpretada com playback pelo trio Pitbull, Jennifer Lopez e Cláudia
Leite, esta, segundo Faustão, a única coisa que prestou na festa.
Por que? Ninguém sabe. Talvez por medo de falar na frente dela, que
detestou tudo. Hipocrisia bastante natural, partindo de um hipócrita.
Desse
parte do espetáculo realmente não gostei. Música chata, que em
nada lembra outras que caíram no gosto popular, como aquela dos
''noventa milhões em ação'', da Copa de 70 (embora nos remeta a terríveis lembranças também) .
Mas,
mais uma vez, o espetáculo foi contratado pela FIFA, inclusive a
música e os cantores.
A
terceira parte (que praticamente não exisitiu, ninguém sabe,
ninguém viu...) apresentou o exoesqueleto do Projeto Andar de Novo,
do neurocientista Miguel Nicolelis.
Embora
o projeto tenda a evoluir cada vez mais, podendo vir a se tornar uma
revolução na mobilidade daqueles que a perderam, sua apresentação
pela TV durou exatos 7 segundos!
Quase
ninguém percebeu o chute inicial dado pelo paraplégico Juliano
Pinto. Há meses que o projeto vinha sido ignorado pela grande mídia,
numa demonstração de sua intenção clara de escondê-lo da
população, talvez por ser Nicolelis um amigo de Lula e simpatizante
do PT. E foi escondido tembém na festa de abertura. E mais, agora
colunistas como Reinaldo Azevedo da Veja e Diogo Mainardi do
Manhattan Connection, da Globo, tentam desqualificar Nicolelis, como
se eles tivessem algum tipo de qualificação.
A
TV Globo preferiu mostrar a chegada do ônibus dos jogadores do
Brasil, para ela, bem mais interessante que o invento de Nicolelis.
Não quer dar ponto pra ninguém. Faz parte da campanha.
25
minutos. Foi quanto durou o espetáculo padrão FIFA.
Mais
tarde, outros atores, aparentemente de improviso, mas só que não,
protagonizaram o espetáculo mais deprimente do dia.
Ao
xingarem com palavrões a Presidenta Dilma Rousseff, ''torcedores''
da chamada ala VIP, que pagaram cerca de 1000 reais pelo ingresso
(alguns foram beneficiados com a cortesia) demonstraram a educação
que receberam, não nos colégios públicos, mas em caras escolas
particulares.
VIPs
que vivem descendo a lenha no Brasil por seu povo não ter a mesma
educação requintada dos europeus e americanos.
VIPs que criticaram o governo por trazer a Copa para o Brasil. Que apostaram no fracasso até o último momento. Que duvidaram que os estádios ficassem prontos. Que desejavam o tempo todo que alguma coisa desse errada.
Para desencanto deles, a Arena Corínthians e os outros são estádios de primeiro mundo.
Com sua atitude demonstraram
ao mundo como é a educação da elite do Brasil, não a do seu povo.
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