terça-feira, 18 de novembro de 2014

PSDB, mestre no aparelhamento

Por Fernando Castilho


Um dos motivos alegados pelo pessoal que quer o impeachment de Dilma Rousseff é o alegado aparelhamento do Estado.

Em todos os países, democráticos ou não, quem está à frente dos governos sempre indica pessoas para exercerem cargos de confiança. Vale na Coreia do Norte, nos Estados Unidos e também no Brasil.

O cargo de confiança tem que ser exercido por alguém afinado com o programa de governo da coligação, quando não com a ideologia que este partido abraça, uma vez que, se assim não for, os projetos simplesmente não andam, quando não são boicotados ou sabotados. É normal, é aconselhável e é republicano. Não se trata de aparelhamento.

E no Brasil, nos tempos de FHC não era diferente.
Porém, a grande diferença em relação aos tucanos, seja no governo federal, antes de Lula, seja nos governos estaduais, é que o PT não aparelhou o Ministério Público e nem a Polícia Federal, que têm autonomia para investigar as denúncias de corrupção da Petrobrás.
O ministro do STF, Gilmar Mendes afirmou recentemente que o governo ao indicar os próximos ministros, aparelhará o poder máximo judiciário. Bem ele sabe que isso é não é verdade, uma vez que a indicação de ministros é constitucional, e os candidatos terão de ser aprovados pelo Senado, após sabatina. Ou seja, cabe ao Senado recusar nomes, se quiser.

Porém, quem se aproveitou desse ''descuido'' ou cuidado republicano do PT foi o PSDB.

Já há vários anos os tucanos vêm trabalhando em aparelhar o que puder ser aparelhado. Vão procurando minar o governo até que este se engesse e não consiga mais se movimentar. Vão comendo pelas bordas, e hoje já dominam grande parte das instituições.

Ficou claro o aparelhamento da Polícia Federal, por parte dos tucanos durante a campanha presidencial, fazendo vazar informações do doleiro Youssef através da revista Veja, principalmente às vésperas do segundo turno.
Os policiais federais até mantinham um grupo fechado dentro do facebook, para ofender e xingar a presidenta ao mesmo tempo em que elogiavam Aécio Neves.

Com o Ministério Público a coisa não é diferente.

O juiz Sérgio Moro que atua no caso da Petrobrás, também às vésperas do segundo turno deu voz a Youssef para a revista Veja. Mandou prender 23 executivos das 9 maiores empreiteiras do país, num lance espalhafatoso destinado apenas a levantar a bola para a mídia cortar, muito convenientemente pouco antes da manifestação dos aloprados que pediram o impeachment e a volta da ditadura. Logo mais soltará os empresários, uma vez que estes nas últimas décadas têm doado gordas quantias às campanhas tucanas.

A mídia também está aparelhada há muitos anos pelo PSDB, haja vista os editoriais e matérias de Folha, Estadão, Globo, Veja e IstoÉ, todos contra o governo e o PT.

Os colunistas desses veículos da imprensa diariamente fazem malabarismos para tentar mostrar que os corruptos são só os petistas, e esconder os tucanos. Quase todos, com raríssimas exceções, tecem loas à direita.

É preciso lembrar também que os tucanos estão aparelhando os patetas que saem às ruas.
O senador Aloysio Nunes, vice de Aécio na campanha, participou da última manifestação. Sua figura naquele ambiente é ilustrativa desse aparelhamento.

FHC, que depois da vitória de Dilma afirmara que foram os desinformados que votaram na petista, e que agora se diz envergonhado pelo governo, também tem dado sua contribuição para o aparelhamento da direita às pessoas que saem às ruas. Ele próprio é mestre na arte de aparelhar, uma vez que, em seu governo, colocou na Procuradoria Geral da República, Geraldo Brindeiro que engavetava toda e qualquer denúncia de corrupção. Além disso, ''aparelhou'' o Congresso, pagando 200 mil reais à deputados para votarem pela emenda que garantiu sua reeleição.

O PSDB em São Paulo aparelhou até o Tribunal de Contas do Estado, colocando lá, como conselheiro, Robson Marinho para aprovar todas as contas de Mário Covas a Geraldo Alckmin, e receber proprina milionária para favorecer a multinacional Alstom.

Aécio Neves, ao se comportar como eterno quase vitorioso e inconformado com a derrota, também aparelha àqueles que querem dar um arrastão na democracia para colocá-lo no poder. É sorrateiro, dissimulado.

Se não o fosse, trataria desde o início de renegar o golpe que está em gestação.





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