quarta-feira, 19 de novembro de 2014

Se separado, São Paulo seria um regime fascista?

Por Fernando Castilho


Qualquer semelhança não é mera coincidência
Estou ficando assustado. Assustado e preocupado.

As demonstrações do crescimento do fascismo em São Paulo são de meter medo em qualquer um que preze os valores democráticos conquistados a tão duras penas.
Basta alguém sair às ruas de camisa vermelha, para ser molestado pelos manifestantes. E só não será linchado porque ainda há policiamento. Até quando?

À princípio imaginado como passageiro, parece que o fenômeno não para de crescer, pelo menos na maior cidade do Brasil, insuflado diariamente pela grande mídia que não cessa de tentar implicar somente governistas, sejam eles petistas ou não, no escândalo de corrupção da Petrobrás, ao mesmo tempo que protege os tucanos, igualmente ou mais envolvidos.

Há chance de volta da ditadura?
O blogueiro pensa que não, uma vez que as Forças Armadas se pronunciam contra o golpe. Além disso, a democracia, ainda que jovem, tem se constituído em porto seguro para investimentos externos ou internos, desenvolvimento de negócios, instituições fortes, etc.. Não acho que a estrutura que se montou no país nesses anos após a queda do regime deseje a instabilidade política e econômica novamente.

Para a própria mídia, a volta do regime militar, por significar censura, não é nada interessante, pois falta de assunto não vende jornal.

Além disso, a própria oposição depende do regime democrático. Como vão disputar eleições, usar caixa dois, fazer lobby, receber propinas, etc, com os militares no poder? Percebam que tudo isso mudaria de mãos, e eles mesmos ficariam a ver navios.

Mas, e o impeachment?
Nesse sim, tanto a mídia, quanto a oposição, quanto o mercado financeiro estão investindo. Tá na cara. Oportunidade para Bolsonaros que sobem armados em carros de som, Lobobões e tantos outros. Esse seria o verdadeiro golpe a se temer.

Mas há chance para o impeachment?
A depender do resto do país, acredito que não, uma vez que Dilma Rousseff recebeu a maioria dos votos, e em que pese muitos considerarem quase empate técnico, devemos lembrar que a diferença de votos foi de 3,5 milhões, quase o equivalente à população do Uruguai.

As manifestações pelo impeachment praticamente acontecem só em São Paulo. No sábado cerca de 10 mil pessoas (uns dizem menos, outros, mais) saíram às ruas. Mas em outras capitais não foram mais que poucas centenas.
A manifestação pela reforma política foi bem mais numerosa, com cerca de 15 mil pessoas.

Há a preocupação pelo fato de que o ministro do TSE, Gilmar Mendes será o responsável pela aprovação ou não das contas de Dilma. Notadamente contrário a tudo o que o governo ou o PT façam ou digam, é quase certo que ele achará alguma coisa em que possa se amparar para a rejeição das contas. Se isso acontecer, há sim risco de impeachment.

Mas o mais alarmante e triste realmente, é o comportamento psicótico dos impeachloides do tucanistão, ou como poderia vir a ser chamado, caso fosse separado da União, Fascismolândia. A intolerância e o ódio que vêm sendo implantados há anos por colunistas raivosos de jornais, revistas, TV e rádio, interferem na capacidade de análise e reflexão, como se fossem uma espécie de programação à que eles não conseguem resistir. Percebam, pelos vídeos, que se comportam quase que como zumbis, olhos estalados, expressão raivosa...

É necessário, mais do que nunca, uma resposta dos partidos progressistas. Uma resposta não de confronto, mas de busca de diálogo, de apaziguamento, de desarmamento.

O governo, por sua vez, tem que pautar mudanças já, e não estou falando somente em reforma política ou lei de meios, que são um pouco abstratas para essa gente, mas de respostas que a população entenda como mudanças reais, como atitudes concretas e inovadoras com relação à saúde e educação, a segurança e a falta d'água, por exemplo.
Tudo rápido.

Certo que tudo isso é mais obrigação do governo do estado do que do governo federal, mas não é hora de virar as costas a isso.

Embora recursos orçamentários já estejam comprometidos, há a possibilidade de remanejamentos e realocações, que não apenas sinalizariam que Dilma está disposta ao diálogo, como já afirmou, mas que está realmente preocupada com essas áreas.

Além disso, a Secom tem que se mexer! Não é admissível tanta falta de comunicação do governo. Todo santo dia a mídia bate sem resposta alguma. Se Dilma não aproveita uma entrevista coletiva durante a reunião do G20, ninguém mais fala em nome do governo. Impressionante!

E a oposição? Fora Geraldo Alckmin, que está enxergando uma oportunidade de se distinguir de Aécio Neves, visando 2018, investe no golpe, como se caso ele acontecesse, ela assumisse o governo. Quem assumiria seria o vice de Dilma. Michel Temer, do PMDB. O que Aécio lucraria?

De qualquer forma, é preciso controlar essa panela de pressão.

Se o crescimento do fascismo não for contido, há sim o risco de conflitos, uma vez que quem apoiou Dilma também poderá sair às ruas. E certamente sairá. E certamente sairemos.

Daí então poderá ser tarde demais...

Qualquer coincidência não é mera semelhança


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