domingo, 23 de novembro de 2014

Será que precisava dessa lambança?

Por Fernando Castilho


Kátia Abreu, miss motoserra
Gilberto Maringoni, no Facebook:
PARA GARANTIR UNIÃO NACIONAL, DILMA NOMEIA MINISTÉRIO DE AÉCIO.

Maringoni tem razão. Os nomes que estão vazando à imprensa como sendo os novos titulares do Ministério da Fazenda e do Ministério da Agricultura, realmente nos dão a impressão de que estamos diante de um governo Aécio Neves.

Se Armínio Fraga já não fosse o preferido do tucano, Joaquim Levy, um economista ultra conservador, que estudou em Chicago, trabalhou para o FMI, tem passagem pelo governo FHC, é crítico do papel do BNDES, do controle de preços da atual gestão, do “tentáculo monopolista” da Petrobras e já referendou a tese dita liberal pela independência do Banco Central, entraria como uma luva em seu ministério.

Joaquim Levy, discúpulo de Milton Friedman
Já Kátia Abreu, líder do agronegócio que toma terras de índios, os mata, desmata grandes áreas, utiliza sementes transgênicas e contamina alimentos com agrotóxicos é uma contradição quase que ao nível de Marina Silva quando afirmou que nunca foi contrária aos trangênicos.

Só para se ter uma ideia do que se passa pela cabeça dessa senhora, em entrevista à revista Veja a senadora, fazendo críticas às políticas para o agronegócio dos ministérios do Trabalho, Desenvolvimento Agrário e Meio Ambiente do governo Lula, fez um desafio aos ministros:

''Quero fazer um desafio aos ministros: administrar uma fazenda de qualquer tamanho em uma nova fronteira agrícola e aplicar as leis trabalhistas, ambientais e agrárias completas na propriedade...Se depois de três anos eles conseguirem manter o emprego e a renda nessa propriedade, fazemos uma vaquinha, compramos a terra para eles e damos o braço a torcer, reconhecendo que estavam certos.''

Escravajista? Sim.

As indicações, ainda não confirmadas, já causaram indignação entre os blogueiros progressistas, que coçam suas cabeças, tentando encontrar uma explicação que possa tornar coerente a escolha de Dilma.

O PT abertamente condena as escolhas, fato este que ainda pode causar uma reviravolta, esperamos...

A direita se assanha em desmoralizar a presidenta, dizendo que Aécio no fim, era quem tinha razão...

E este humilde blogueiro defenderá Dilma Rousseff até o fim, sempre que ela for defensável. Neste caso, sinto muito, sua atitude não encontra defesa possível.

Com certeza Dilma teve lá suas razões para essas escolhas.

Algumas possíveis:
1 – Tentar acalmar o mercado.
Para tanto, não seria necessário um remédio tão forte. Há vários economistas heterodoxos de respeito que poderiam se encaixar bem no Ministério da Fazenda. Luíz Gonzaga Belluzzo por exemplo.

2 – Ao nomear Kátia Abreu, tenta retirar de seu governo a pecha de bolivarianista.
Essa senhora há 3 meses atrás, publicou na Folha um artigo em que classificava o governo de Dilma como sendo bolivarianista, o equivalente, para os impeachloides, de comunista.

3 – Fortalecer a coligação com o PMDB.
Eduardo Cunha, amparado pela mídia e por setores da direita, vem pleiteando o posto de presidente do Congresso. O governo é contra, motivo pelo qual, pode estar negociando engolir Kátia ao mesmo tempo em que ganha força para repudiar Cunha.

Alguns simploriamente encaram as indicações como sendo meramente simbólicas, que no final, a petista é quem dará as cartas. Menos, menos...

Certamente haverão retrocessos políticos tanto na área econômica, quanto na área agrícola.

Ao colocar em seu governo pessoas notoriamente de direita, Dilma compra uma briga com a esquerda.

Na manhã de sábado, dia 22, cerca de 2 mil jovens dos movimentos sociais do campo ocuparam a Fazenda Pompilho, com 2 mil hectares de cultivo de milho transgênico à beira da BR 158, que liga a cidade de Palmeira das Missões à região oeste de Santa Catarina.

É só o começo. Certamente não parará por aí. Outras manifestações haverão de ocorrer.

E isso será muito bom. Todos as cerca de 15 mil pessoas que se organizaram pela reforma política e em defesa de Dilma Rousseff, agora tem outro motivo para sair às ruas.

Só com pressão popular, será possível demover Dilma de sua ideia.

E essa pressão popular poderá vir a ser o grande fator indutor da união das esquerdas e sua mobilização para participar junto aos movimentos sociais, no sentido de dar ao governo uma cara mais à esquerda. 

Mas, uma vez pressionada, não será fácil depois, para Dilma substituir qualquer um dos dois. Certamente sairão atirando. Pelo menos esse é o modus operandi de Kátia.

Será que precisava dessa lambança?






Nenhum comentário:

Postar um comentário