domingo, 7 de dezembro de 2014

Ah, o Rio, aquele sol, aquele mar...

Por Fernando Castilho


Aécio Neves gravou um vídeo convocando os indignados a comparecerem no sábado ao vão do Masp para a manifestação contra Dilma Rousseff e o PT.

Imediatamente nas redes sociais foram publicadas chacotas sobre o senador derrotado, sugerindo que ele próprio não iria à manifestação, ocupado que estaria em uma das belas praias do Rio de Janeiro.

E não é que ele não foi mesmo? Afinal, com aquele sol, aquele mar, e a esticada mais tarde na balada...

Lobão também se queixou da ausência de Aécio Neves: "Cadê os parlamentares? Só tem 'inimigo' aqui. Cadê o Aécio, o Caiado? Se eu passo aqui e vejo esse pessoal, acho que é tudo a mesma coisa. Estou pagando de otário."
José Serra, o sabotador do trem-bala, também fez uma convocação em vídeo. Compareceu e, em meio aos cartazes pedindo a volta da ditadura (que o obrigou a sair do país e se exilar após o golpe de 1964), discursou afirmando que merecia ter sido condecorado com a medalha da Ordem do Ipiranga por ter atuado contra o trem-bala.

Mas o que acontece com a oposição?

Às vésperas da possibilidade de ter nomes tucanos apresentados pela Polícia Federal como participantes do esquema da Operação Lava Jato, Aécio, Serra e FHC (foi no governo deste senhor que a coisa começou a tomar vulto) tratam de tentar se blindar.

Mas há uma percepção no ar, de que as pessoas comuns que se informam somente através de jornais e noticiários de TV já sabem que o PSDB está enrolado até o pescoço na Operação.

Além disso, a Polícia Federal indiciou 33 pessoas por envolvimento no cartel metroviário que desviou dinheiro público em São Paulo entre 1998 e 2008.
 

Sobre tudo isso, segue aqui o texto esclarecedor de Antonio Lassance:

Aécio entra para a galeria dos personagens obtusos

Por Antonio Lassance

O Senador Aécio Neves terá que engolir sua afirmação de que foi derrotado por uma organização criminosa.

Grande parte dos políticos corruptos que receberam propina do esquema que saqueou a Petrobrás, citados por um dos delatores, apoiou sua campanha, desde o primeiro turno.

Ainda conforme os próprios delatores, o envolvimento de cada um deles com essa organização criminosa data do governo do presidente Fernando Henrique.

Já basta desse lenga-lenga de Paulo Roberto Costa, Nestor Cerveró e Roberto Duque.

Os brasileiros querem saber os nomes dos políticos que receberam dinheiro de propina do esquema que assaltou a Petrobrás.

O que se espera agora é que as informações já vazadas sejam confirmadas no inquérito da Polícia Federal, se os delegados fizerem o trabalho de delegados e não de cabos eleitorais de distintivo.

O que se quer é que todos sejam imediatamente julgados pelo STF ou fujam logo de seus mandatos para serem processados em primeira instância, como fizeram os acusados Eduardo Azeredo e Clésio Andrade, mensaleiros amigos de Aécio Neves.

Quando os nomes ligados a Aécio nas eleições de 2014 e que constam da delação premiada forem qualificados como parte do esquema, Aécio terá uma organização criminosa para chamar de sua.

No PP, o senador Francisco Dornelles (PP-RJ), ao que consta, um dos citados na delação, organizou o apoio de todo o Diretório do Partido Progressista do Rio de Janeiro ao presidenciável tucano.

Outro citado, João Pizzolatti, presidente do PP de Santa Catarina, articulou o apoio desse diretório a Aécio e ao chapão em aliança com o PSDB no estado, incluindo o apoio à candidatura do tucano Paulo Bauer, a governador, e de Paulo Bornhausen ao Senado, pelo PSB - também apoiador de Aécio.

Mesmo no PMDB, muitos dos nomes citados estiveram oficialmente associados à oposição, como o atual presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), o senador Romero Jucá, de Roraima, e o deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ).

A recomendação ética de Aécio aos membros prediletos dessa que acusa de ser uma organização criminosa foi: "suguem mais um pouquinho e depois venham para o nosso lado".

A consequência da baixaria do senador e presidente do PSDB é que ele próprio, ao nivelar por baixo o debate político, ao invés de agir como líder da oposição, incorporou o discurso e vestiu a camisa de chefe de um bando desqualificado de extrema direita que pretende levar a disputa política para as vias de fato.

A partir de agora, Aécio torna-se responsável direto por qualquer ato que fuja do controle do processo democrático e revele a face não apenas golpista e autoritária, mas violenta desse bando.

O que se viu nas galerias do Congresso (terça, dia 2) é apenas o começo de algo que, na República, sempre teve um fim triste e personagens obtusos.

Aécio acaba de entrar para a essa galeria de personagens obtusos.

Antonio Lassance é cientista político.

Aécio copia Serra





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