quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

O Obamolulodilmopetismo americano

Por Fernando Castilho



A charge que serve paras duas ocasiões
Cuba, apesar de ter conquistado sua independência da coroa espanhola e ter proclamado sua república em 1902, teve negada sua soberania, através da Emenda Platt, que concedia aos Estados Unidos o poder de intervir em seus assuntos internos.

Em 1934, os americanos impuseram à Cuba um ditador títere. Fulgêncio Batista, com mão de ferro, governou a ilha até 1959. Nesse período, Cuba foi transformada em uma espécie de playground dos marmanjos americanos que iam à ilha para jogar, se divertir com prostitutas, traficar e consumir drogas e estuprar mulheres e crianças.

Ainda nesse período, a desigualdade social, o desemprego, a fome e a miséria aumentaram exponencialmente, o que acabou culminando em 1956 no aparecimento de um grupo de guerrilheiros liderado por Fidel Castro, empenhados em derrubar o regime.

Castro, que percorria a ilha de ponta a ponta, amealhando adesões e lutando contra a forte repressão do governo, em 1959 logrou derrotar o ditador, assumindo o poder e implantando reformas de cunho socialista.

Foi aí que começou o conflito com os Estados Unidos e a aproximação com a União Soviética, em plena guerra fria.

Em 1961, uma força militar treinada e financiada pelo governo de John F. Kennedy, composta por cerca de 1300 exilados cubanos, tentou invadir o país através da baía dos Porcos. A arriscada ação terminou em fracasso. As forças armadas cubanas, treinadas e equipadas pela União Soviética, derrotaram os combatentes do exílio em três dias e a maior parte dos agressores se rendeu.

Enquanto isso, no Brasil, o presidente Jânio Quadros renunciava e dava início aos fatos que levariam ao golpe militar de 1964 e à ditadura que se prolongou por longos 21 anos...

Após a derrota, os americanos impuseram à Cuba o embargo, diga-se, bloqueio econômico que persiste até hoje.

Mesmo impedida de comercializar livremente seus produtos com o resto do mundo, o que é particularmente visível nos veículos da década de 50 que ainda trafegam por suas ruas.

Cuba tem uma taxa de alfabetização de 99,8% e uma taxa de mortalidade infantil inferior até mesmo à de alguns países desenvolvidos, e uma expectativa de vida média de 77,64 anos.

A ilha possui um dos mais baixos índices de desigualdade social do planeta, o que faz com que seu povo seja alegre e hospitaleiro.

A saúde de Cuba é modelo para o mundo e seus médicos atuam em vários países, inclusive no Brasil, através do tão criticado programa Mais Médicos, prestando enorme ajuda às populações mais carentes. Vale lembrar que a aproximação certamente proporcionará a cidadãos americanos tratamento em nível melhor e mais barato que em seu país de origem.

Há descontentes? Sim, como em todo grupo de pessoas. Mas saibam que a maioria daqueles que fogem para Miami preferem uma vida à margem das leis e das regras sociais. Assim que desembarcam nos Estados Unidos, já são acolhidos pela máfia cubana que lá vive, e passam a praticar todo tipo de ilegalidade.

Cuba tem problemas? Claro, na exata medida em que todos os países americanos têm. Mas os de Cuba foram causados justamente pelo bloqueio.

Durante toda a campanha para sua reeleição, e também até agora, quase dois meses após sua vitória, os inconformados com a derrota, que pedem o impeachment da presidenta e a volta da ditadura, não se cansam de bradar nas ruas e nas redes sociais, que o Brasil é uma ditadura comunista a serviço de Cuba. ''Vai pra Cuba'' é a frase favorita deles.

Quando foi divulgado que o BNDES financia a construção do Porto de Mariel, toda a mídia aproveitou a palavra ''Cuba'' (aqui no Brasil, verdadeiro palavrão) para criar um clima de revolta nas pessoas que convivem com uma ideologia mais à direita, os chamados ''coxinhas''.

Mentiu. O BNDES não financia o porto, financia a empresa que constrói o porto.

E, segundo a Folha, foi um golaço do Brasil. A notícia poderia, porém, ser dada como ''golaço de Dilma'', mas aí também já é pedir muito, não é mesmo?

Com o grande implemento no turismo que se seguirá, (afinal, com Obama, o líder dos coxinhas, dando sinal verde, muita gente que odiava, agora vai querer conhecer a ilha) o Porto de Mariel assume uma importância muito mais estratégica do que já tinha. E depois que o bloqueio for derrubado, (pois só depende da aprovação do congresso americano, uma vez que já tem opinião favorável de 196 dos 198 países participantes da última Assembleia Geral da ONU) o Brasil talvez seja um dos países que mais terão a ganhar com o comércio com o país. Dilma teria realmente sido visionária?

É certo que Obama tem grandes méritos em sua aproximação com Cuba, mas devemos lembrar que o Brasil já há muito tempo vem manifestando sua posição contra o bloqueio aos presidentes americanos.

Além disso, não se pode esquecer que Raúl Castro, o irmão do comandante Fidel, desde que assumiu a presidência tem envidado esforços por uma maior abertura do país e conversando com o presidente americano em todas as oportunidades em que isso é possível.

E palmas novamente para o Papa Francisco, que vinha intermediando a aproximação entre Obama e Raúl Castro. Francisco realmente tem sido o pastor que enxerga o mundo lá do alto.

Agora vai ficar mais difícil a mídia continuar a inventar toda sorte de mentiras sobre a ilha como vinha fazendo, pois a aproximação com os Estados Unidos há de revelar as verdades que ficaram ocultas nesses quase 53 anos de embargo. ''Cuba'' deixará de ser um palavrão para os coxinhas e poderá fazer parte do roteiro para visita a Miami, seu paraíso predileto, uma vez que dista apenas 18 minutos de vôo.

Como disse Fernando Morais, autor do best seller ''A Ilha'', enfim a guerra fria acabou.





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