A charge que serve paras duas ocasiões |
Cuba,
apesar de ter conquistado sua independência da coroa espanhola e ter
proclamado sua república em 1902, teve negada sua soberania, através
da Emenda Platt, que concedia aos Estados Unidos o poder de intervir
em seus assuntos internos.
Em
1934, os americanos impuseram à Cuba um ditador títere. Fulgêncio
Batista, com mão de ferro, governou a ilha até 1959. Nesse período,
Cuba foi transformada em uma espécie de playground dos marmanjos
americanos que iam à ilha para jogar, se divertir com prostitutas,
traficar e consumir drogas e estuprar mulheres e crianças.
Ainda
nesse período, a desigualdade social, o desemprego, a fome e a
miséria aumentaram exponencialmente, o que acabou culminando em 1956
no aparecimento de um grupo de guerrilheiros liderado por Fidel
Castro, empenhados em derrubar o regime.
Castro,
que percorria a ilha de ponta a ponta, amealhando adesões e lutando
contra a forte repressão do governo, em 1959 logrou derrotar o
ditador, assumindo o poder e implantando reformas de cunho
socialista.
Foi
aí que começou o conflito com os Estados Unidos e a aproximação
com a União Soviética, em plena guerra fria.
Em
1961, uma força militar treinada e financiada pelo governo de John
F. Kennedy, composta por cerca de 1300 exilados cubanos, tentou
invadir o país através da baía dos Porcos. A arriscada ação
terminou em fracasso. As forças armadas cubanas, treinadas e
equipadas pela União Soviética, derrotaram os combatentes do exílio
em três dias e a maior parte dos agressores se rendeu.
Enquanto
isso, no Brasil, o presidente Jânio Quadros renunciava e dava início
aos fatos que levariam ao golpe militar de 1964 e à ditadura que se
prolongou por longos 21 anos...
Após
a derrota, os americanos impuseram à Cuba o embargo, diga-se, bloqueio econômico que
persiste até hoje.
Mesmo
impedida de comercializar livremente seus produtos com o resto do
mundo, o que é particularmente visível nos veículos da década de
50 que ainda trafegam por suas ruas.
Cuba
tem uma taxa de alfabetização de 99,8% e uma taxa de mortalidade
infantil inferior até mesmo à de alguns países desenvolvidos, e
uma expectativa de vida média de 77,64 anos.
A
ilha possui um dos mais baixos índices de desigualdade social do
planeta, o que faz com que seu povo seja alegre e hospitaleiro.
A
saúde de Cuba é modelo para o mundo e seus médicos atuam em vários
países, inclusive no Brasil, através do tão criticado programa
Mais Médicos, prestando enorme ajuda às populações mais carentes. Vale lembrar que a aproximação certamente proporcionará a cidadãos americanos tratamento em nível melhor e mais barato que em seu país de origem.
Há
descontentes? Sim, como em todo grupo de pessoas. Mas saibam que a
maioria daqueles que fogem para Miami preferem uma vida à margem das
leis e das regras sociais. Assim que desembarcam nos Estados Unidos,
já são acolhidos pela máfia cubana que lá vive, e passam a
praticar todo tipo de ilegalidade.
Cuba tem problemas? Claro, na exata medida em que todos os países americanos têm. Mas os de Cuba foram causados justamente pelo bloqueio.
Durante
toda a campanha para sua reeleição, e também até agora, quase
dois meses após sua vitória, os inconformados com a derrota, que
pedem o impeachment da presidenta e a volta da ditadura, não se
cansam de bradar nas ruas e nas redes sociais, que o Brasil é uma
ditadura comunista a serviço de Cuba. ''Vai pra Cuba'' é a frase
favorita deles.
Quando
foi divulgado que o BNDES financia a construção do Porto de Mariel,
toda a mídia aproveitou a palavra ''Cuba'' (aqui no Brasil,
verdadeiro palavrão) para criar um clima de revolta nas pessoas que
convivem com uma ideologia mais à direita, os chamados ''coxinhas''.
Mentiu.
O BNDES não financia o porto, financia a empresa que constrói o
porto.
E,
segundo a Folha, foi um golaço do Brasil. A notícia poderia, porém,
ser dada como ''golaço de Dilma'', mas aí também já é pedir
muito, não é mesmo?
Com
o grande implemento no turismo que se seguirá, (afinal, com Obama, o
líder dos coxinhas, dando sinal verde, muita gente que odiava, agora
vai querer conhecer a ilha) o Porto de Mariel assume uma importância
muito mais estratégica do que já tinha. E depois que o bloqueio for
derrubado, (pois só depende da aprovação do congresso americano, uma vez que já
tem opinião favorável de 196 dos 198 países participantes da última
Assembleia Geral da ONU) o Brasil talvez seja um
dos países que mais terão a ganhar com o comércio com o país.
Dilma teria realmente sido visionária?
É
certo que Obama tem grandes méritos em sua aproximação com Cuba,
mas devemos lembrar que o Brasil já há muito tempo vem manifestando
sua posição contra o bloqueio aos presidentes americanos.
Além
disso, não se pode esquecer que Raúl Castro, o irmão do comandante
Fidel, desde que assumiu a presidência tem envidado esforços por
uma maior abertura do país e conversando com o presidente americano
em todas as oportunidades em que isso é possível.
E
palmas novamente para o Papa Francisco, que vinha intermediando a
aproximação entre Obama e Raúl Castro. Francisco realmente tem
sido o pastor que enxerga o mundo lá do alto.
Agora
vai ficar mais difícil a mídia continuar a inventar toda sorte de
mentiras sobre a ilha como vinha fazendo, pois a aproximação com os
Estados Unidos há de revelar as verdades que ficaram ocultas nesses
quase 53 anos de embargo. ''Cuba'' deixará de ser um palavrão para
os coxinhas e poderá fazer parte do roteiro para visita a Miami, seu paraíso predileto, uma vez que dista apenas 18 minutos de vôo.
Como
disse Fernando Morais, autor do best seller ''A Ilha'', enfim a guerra fria acabou.
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