Bem, é claro que há vida após o 15 de março.
Aliás,
quanto menos se falar dessa data melhor.
Mas
não tem jeito. Vamos ter que falar durante algum tempo.
Dia
12 de abril haverá mais um ato de protestos pedindo o impeachment da
Presidenta.
Sem
novidades, portanto.
Não,
ela não cairá. A oposição não quer. Não é louca.
Se
o improvável impedimento acontecesse, Michel Temer assumiria o
governo.
E...surpresa!
Ato contínuo, o governo, que vem, segundo a grande mídia,
atravessando uma crise econômica sem precedentes, prestes a atingir
o fundo do poço, se revelaria de repente...bom!
Temer,
sobre quem não paira por enquanto nenhum indício de participação
na Lava Jato, tendo o PMDB e, provavelmente a imprensa junto a sí,
poderia navegar com céu de brigadeiro, a menos que o PT não
deixasse.
Mas
o vice presidente não é bobo, e certamente tentaria manter uma
aproximação mais que útil com o Partido dos Trabalhadores.
Como
ficaria a oposição? A chupar os dedos.
Portanto,
de uma vez por todas, defenestrar Dilma não deve fazer parte dos
planos dos tucanos, embora Aécio Neves, por não ter assimilado a
derrota, ainda nutra suas esperanças. Aliás o Senador parece empenhado em cassar o registro do PT.
Nosso futuro político é inexcrutável, porém, o mais provável é a oposição seguir na linha do senador Aloysio
Nunes que quer o sangramento da Presidenta.
Sangrar
Dilma até o final de seu governo é uma ótima estratégia para a
hipótese da candidatura Lula em 2018, pois o PT se apresentaria a
tal ponto enfraquecido que o discurso do ex-presidente seria
rechaçado por enorme parte do eleitorado.
Então,
se essa for a tática que o PSDB está adotando, o caminho estaria
para quem nas próximas eleições presidenciais?
Aécio
Neves já pode ser considerado carta fora do baralho pelas suas
presepadas, por ser homem dado a rompantes e, sobretudo por ter seu
nome citado pelo delator Alberto Yousseff como integrante da lista de
Furnas. Alguém duvida?
Geraldo
Alckmin, o governador de São Paulo blindadíssimo pela imprensa, que
ganhou sua reeleição no 1° turno e, ao contrário do que todos
imaginavam, vem atravessando quase que incólume a crise de água em
seu Estado (não havia na Paulista uma só bandeira contra ele) é
nome fortíssimo na disputa.
O
homem, mais liso que sabonete, vem se conduzindo habilmente por este
momento político. Não apoiou abertamente os protestos, procurando
manter uma postura de democrata, ao mesmo tempo em que liberou as
catracas do Metrô no dia 15, agradando também aos impeachloides.
Outro
que parece estar sonhando com o Palácio da Alvorada é o governador
de Goiás, Marconi Perillo.
Agindo
de forma semelhante a Alckmin, porém muito mais afável à Dilma,
assinou, ontem, 19, investimento ao BRT Norte-Sul em Goiânia
ressaltando em discurso, nunca ter concordado com a "intolerância
e as injustiças contra a presidente" e garantiu "não
temer" apoiá-la.
Somente
por ser ''homem justo''? Não nos iludamos.
Acabou
por aí?
Não,
ainda resta o eterno, aquele que a tudo vê lá do alto. Aquele que
tece as urdiduras na calada da noite, enquanto todos dormem.
José
Serra se elegeu Senador, sabemos, muito a contragosto.
Fechadas
suas portas para a disputa da presidência em 2014, só lhe restou o
Senado para que não se retirasse ao ostracismo de pelo menos dois
anos. E ostracismo em política é quase morta certa.
Serra
ficará 8 anos no Senado?
Parece
improvável, pois aquela casa não tem a cara dele.
É
possível que já em 2016 se candidate à Prefeitura de São Paulo.
Agirá
da mesma maneira como em 2004 quando venceu Marta Suplicy, saindo já
em 2006 para se candidatar ao Governo do Estado, um trampolim melhor
para a Presidência?
Novamente
sua pedra no sapato seria Marta que deve se candidatar pelo PSB. Mas
ele já a venceu antes, e poderia vencê-la novamente.
Pesa
contra Serra, porém, o fator idade, o que fará do próximo pleito
sua última chance de ser Presidente. Estará em 2018 com 76 anos. E
caso vencesse, chegaria ao final do mandato com 80 anos!
Tem mais alguém da oposição?
O
PSDB não se preocupou em formar novos quadros, crítica extensiva ao
PT.
Dentro
da inegável polarização PT – PSDB, resta saber quem se
apresentará como candidato do Partido dos Trabalhadores.
Lula?
Possível, mas não provável.
Estará
em 2018 com 72 anos, mas com certeza debilitado pela sua luta contra
o câncer.
Lula,
embora seja um guerreiro, haja visto sua atuação na campanha de
Dilma, dá sinais de cansaço. E é natural, não podemos esperar que
ele seja eterno.
É
o mais forte pré candidato até agora, mas vai depender se a sangria
da oposição dará certo.
Já
repararam que fora Lula, o PT não tem candidato?
Depois
que Berzoini, já no começo do governo Lula, e Dirceu foram abatidos
em pleno vôo, por já se saber do potencial de cada um deles para a
sucessão em 2010, não restou alternativa senão o poste Dilma.
Mas
agora não há mais um poste.
Fala-se
muito em Fernando Haddad.
O
Prefeito de São Paulo é homem culto, inteligente, fala muito bem, e
deveria, caso se saísse bem à frente da administração municipal
da maior cidade da América do Sul, ser o candidato natural do PT.
Mas
a mídia percebeu seu potencial e tratou já desde o começo de
engessá-lo.
Por
isso, é lógico que a turma de domingo não aprove sua
administração, vamos combinar.
Para
viabilizar seu nome para 2018, Haddad terá primeiro que emplacar sua
reeleição já em 2016.
Resta
saber se, faltando 1 ano e 9 meses para o pleito, ele terá tempo de
dar a volta por cima.
Alguém
poderá dizer que é muito cedo para elocubrações deste tipo.
Na
verdade, nós é que somos ingênuos. Uma vez apuradas as urnas,
começa-se a articular para os 4 anos seguintes.
E
isso já está acontecendo, podem estar certos.
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