terça-feira, 24 de março de 2015

Por que a Globo flerta com a ditadura?

Por Fernando Castilho

Em 2013, durante os protestos chamados de ''jornadas de junho'', a Rede globo admitiu seu apoio à ditadura no Brasil, ao mesmo tempo que reconheceu seu erro.

Tendo sido formado em 1962, a partir da Rádio Globo e do acordo ilegal com o grupo Time-Life, que lhe rendeu um capital de, impensáveis para a época, 6 milhões de dólares para fazer o que quisesse, o embrião do conglomerado que viria a ser no futuro, conseguiu, mamando nas tetas dos militares que golpearam o sistema político do Brasil em 1964, passar ileso por todas as contestações judiciais.

O documentário britânico ''Muito além do Cidadão Kane'' ilustra muito bem o fato.

Dali em diante bastou seu apoio decisivo ao regime para que pudesse crescer de maneira meteórica.

Embora a censura mais dura a partir de 1968 com o AI-5 rendesse certa redução de tiragem do jornal O Globo, uma vez que era obrigado a publicar receitas de bolo e notícias sem importância, as concessões de televisões Brasil afora só faziam crescer.

Foi um período áureo para a Rede, não nos enganemos.

Tanto é que às vésperas da queda do regime, a TV do jornalista Roberto Marinho praticamente não cobriu o grande ato pelas Diretas Já em 1984, limitando-se a ''informar'' que aquela aglomeração de pessoas era comemoração do aniversário de São Paulo.

Mas o regime militar acabou e a Globo teve que se adaptar aos novos tempos.

Sem problemas.

Porém, havia um risco real para ela em 1989.

Um metalúrgico poderia subir ao poder e sabe lá Deus o que faria com a emissora?

A Globo investiu o quanto pôde em Fernando Collor, para que este chegasse à presidência.

Não hesitou em editar trechos de um debate entre o candidato alagoano e Lula, para levantar um às alturas e rebaixar outro. Um verdadeiro escândalo.

Mas Lula em 2002 venceu as eleições.

E o PT já vai para 16 anos no poder, com a ameaça de mais 4 em 2018. E mais 4 em 2022!

Mas para a Rede Globo isso não seria problema nenhum, pois o grupo nunca faturou tanto.

Até uma sonegação de cerca de um bilhão de reais rola há muito tempo na Receita Federal sem previsão de desfecho.

E os três irmãos Marinho são os homens mais ricos do país. Bom demais. Obrigado PT.

Mas é fato também que a rede vem perdendo audiência ano a ano. A internet cresceu demais, e as pessoas preferem passar muitas horas nas redes sociais.

Os carros-chefe do jornalismo da emissora, Jornal Nacional e Jornal da Globo, estão perdendo cada vez mais audiência, devido principalmente à falta de credibilidade, além da parcialidade com que tratam as questões políticas do país. Afinal, o povo não é bobo e vem querendo desde há algum tempo que a Rede Globo vá abaixo.
Ano
Média geral Ibope em pontos
2000
23,5
2001
20
2002
21,4
2003
21
2004
21,7
2005
21
2006
21,4
2007
18,7
2008
17,4
2009
17,4
2010
16,5
2011
16,3
2012
14,7
2013
14,4
2014
13,5

E ontem o Jornal Nacional bateu em 20 pontos de audiência. Em franca queda, portanto.

Parece que muita gente está despertando para o poder nefasto da emissora. Há até um ato de protesto marcado para 21 de abril. Aguardemos.

O governo cortou as verbas publicitárias na Rede, ao mesmo tempo que acena para a confecção de uma Lei de Meios que regularia e democratizaria a mídia.

Já é sabido que a Globo também mantém muito dinheiro em paraísos fiscais. Um deles pode ser a Suíça e o veículo, o banco HSBC. Por enquanto, porém, só foi demonstrado que a viúva de Roberto Marinho, dona Lily é depositaria de uma conta. Vamos aguardar.

Outro inimigo da Globo que parece não ser poderoso são os blogs de esquerda. Se não fossem, Ali Kamel, diretor geral de jornalismo não teria se preocupado em processar Miguel do Rosário do blog O Cafezinho e Luís Nassif do GGN, além de outros.

Ficou claro, desde a campanha presidencial que a Rede Globo não queria Dilma reeleita. Investiu o quanto pôde em Aécio Neves, mas não deu.

Tendo que engolir a derrota, passou a apostar suas fichas nas manifestações pelo impeachment da Presidenta.

Como isso também não parece viável, a ordem dos irmãos Marinho parece ser a de destruir o PT a qualquer custo. E o Petrolão serve como uma luva neste momento.

Mas, e se vier a volta do regime militar?

Para a Globo, melhor ainda.
Verbas publicitárias de volta, adeus processo de sonegação, adeus Lei de Meios, mais dinheiro para mandar para o exterior, ''empréstimos'' do BNDES e, la crème de la crème, o fim dos blogs de esquerda.


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