O que se passou na cabeça do Procurador Federal da República, Rodrigo Janot na noite do último dia 3?
A
Folha e o Estadão apressaram-se em publicar que Janot recomendou ao
STF que não abrisse investigações contra Aécio Neves e Dilma
Rousseff.
Já
o jornal Valor Econômico, pertencente ao grupo Folha em associação
com o O Globo, afirmou que a presidenta não está na lista das 54
pessoas a serem investigadas na Operação Lava Jato, nem nos sete
pedidos de arquivamento encaminhados ao ministro Teori Zavascki.
Quem
estaria com a razão?
Em
se confirmando o que a Folha publicou, há que se destacar duas
possibilidades:
1
- Janot nos últimos dias foi obrigado a reforçar sua segurança
pessoal, uma vez que sua residência foi invadida. O ministro Eduardo
Cardozo se encarregou do reforço. Nunca se sabe se recebeu alguma
ameaça, e nem o nível dela. Como simples mortal, pelo sim, pelo
não, pode ter se convencido a recuar. Afinal, é Teori quem vai
julgar se abre investigação ou não.
2
– Estamos próximos do dia 15 de março, quando se articula pelas
redes sociais uma manifestação a nível nacional exigindo o
impeachment da presidenta. Caso Janot incluísse Dilma na lista, a
mídia faria o Brasil explodir. Janot seria o responsável por
colocar fogo no circo.
E
se incluísse também Aécio?
Alguém
é ingênuo de acreditar que a manifestação recrudesceria? O que os
impeachloides querem é Dilma e o PT fora. Denúncias contra o tucano
não pegam, não interessam, haja visto o aeroporto e o helicóptero
da cocaína.
E
caso Janot incluísse Aécio e não Dilma?
Seria,
na visão do blogueiro o caminho mais lógico, uma vez que seu nome
foi, ao contrário de Dilma, citado pelo delator Alberto Youssef no
caso da lista de Furnas.
Segundo
Youssef, a irmã de Aécio, que parece se tratar de Andrea Neves,
seria a encarregada de receber o dinheiro de propinas da empresa
Bauruense, de 1994 a 2001, no valor de 695 mil reais. Há um
inquérito seguindo em segredo de justiça na Justiça Estadual do
Rio de Janeiro.
Na
lista aparecem também os nomes de quem? Eduardo Cunha e Roberto
Jefferson. Batata.
Mas
o motivo para Janot não citar apenas Aécio, poderia ser a alcunha
pela qual ele passaria a ser chamado: Petralha.
Ao
contrário de Geral Brindeiro, o procurador à época de FHC, que
engavetou cerca de 4000 denúncias de corrupção, Rodrigo Janot não
deve querer ter seu nome associado à parcialidade.
Não
citando nem Aécio nem Dilma, Janot se comporta quase como Pôncio
Pilatos (embora este tenha condenado Jesus e absolvido Barrabás),
lavando as mãos e deixando para Teori Zavascki resolver.
Mas
e se a versão do Valor prevalecer?
Está
com jeito que essa é a versão verdadeira, uma vez que, para a
grande imprensa que vem coordenando o golpe, mentir num jornal de
grande tiragem (ainda) tem muito mais efeito que falar a verdade em
um de pequena. Folha é jornal que atinge todo mundo, reacionários mais ainda, basta ler os comentários. Valor é para um pessoal que analisa melhor os fatos.
Neste
caso, Janot poderia, sem problemas acatar o pedido dos procuradores e
recomendar a investigação sobre Aécio, sem que tivesse seu nome
ligado ao PT. Afinal, estaria apenas fazendo seu trabalho, o qual
classificou como ''estritamente técnico''.
Mas
técnico coisíssima nenhuma.
Não
há como um homem público se comportar sem nenhum componente
político, haja vista o juiz Sérgio Moro, com sua atuação visando
delações seletivas, e Joaquim Barbosa que conduziu um julgamento
político e mediático da AP-470, pra citar só dois exemplos.
Havia
informações de bastidores, talvez boatos fortes, mas com
fundamento, que davam conta de que o tucano seria denunciado. Paulo
Henrique Amorim falou em ''tucano gordo'', Ricardo Boechat citou o
senador nominalmente, e o próprio Aécio, por estar sumido durante
já algum tempo, dava o que pensar.
O deputado estadual Rogério Correia (PT-MG) pessoalmente entregou,
segundo ele, a Janot provas suficientes sobre o envolvimento de Aécio
no caixa 2 do PSDB oriundo das propinas de Furnas.
Rodrigo
Janot deve ter pensado políticamente, e recuado de investigar Aécio
Neves, talvez por saber que está lidando com alguém que já
demonstrou sua periculosidade em várias ocasiões.
Que
Teori Zavascki o faça.
Só
dessa maneira a Justiça conquistaria um requiem para si própria, no
que diz respeito à sua credibilidade.
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