Ao
ver imagens das manifestações do domingo (15), algumas delas
extremamente patéticas, à que milhares de pessoas compareceram, há
que se considerar alguns pontos que talvez possam servir como uma
tentativa de explicar o por quê de seu sucesso.
Chacrinha
já dizia que quem não se comunica se trumbica.
Em
se tratando de Dilma Rousseff, o bordão do velho guerreiro serve
como uma luva. A presidenta passou 4 anos tendo uma Secretaria de
Comunicação totalmente inoperante e ineficaz.
Deixou
que a velha mídia durante 1535 dias dissesse o que quisesse na hora
em que bem entendesse.
Quanto
a levar marteladas da imprensa, pode-se dizer que o PT é quase
masoquista pois desde 2003 apanha mais que mulher de malandro.
Lula
e Dilma nunca confrontaram a mídia.
Embora
ainda não haja a Lei de Meios, há outros mecanismos capazes de
enfrentar notícias sem fonte, ilações, fofocas e mentiras. Não
basta Lula ou o PT se defenderem nos blogs de esquerda. Isso não
atinge a maioria da população. Deveriam se defender contra atacando
aqueles que os caluniam, nem que fosse com matéria paga, nem que
fosse com inserções de cinco minutos a cada vez que uma mentira
fosse dita.
Mas
não, olimpicamente se colocaram na posição daqueles que nada temem
por não terem culpa.
E
a Receita Federal nunca foi pra cima da Rede Globo cobrar o valor
hoje corrigido de cerca de um bilhão de reais em impostos sonegados.
Só
recentemente o governo tardiamente resolve cortar verbas de
publicidade da Veja e da Globo.
O
governo Dilma nunca deu muita bola para os movimentos sociais. O PT
também, durante quatro anos, parece que se esqueceu de sua velha
militância, além de não ter se esforçado na renovação de
quadros que lembrassem minimamente aqueles desprendidos que
sacrificaram muito de sua vida, de sua segurança e também de seu
tempo livre para construir o sonho de ver os trabalhadores no poder.
Será
que é preciso que Jandira Feghali do PcdoB (quase todos os dias) ou
Jean Wyllys do Psol (vez ou outra) saiam em defesa do governo,
enquanto deputados petistas todos os dias fazem de seus gabinetes
locais de reuniões sociais, onde não faltam canapés, como se não
fizessem parte de um governo que está na alça de mira dos
golpistas.?
Agora,
quando a água bate na bunda, mais por iniciativa da CUT, do MST, da
FUP e dos milhares de internautas que estão todos os dias batalhando
quase que ingloriamente nas redes sociais, pela defesa de um mandato
legítimo, rompendo com amigos antigos e até mesmo com parentes, é
que Dilma, espero que de lágrimas nos olhos, perceba pelas
manifestações do dia 13, o quanto tem errado.
Para
a militância, quase não importaram as medidas econômicas
impopulares levadas a cabo por um ministro de direita. Enlevados pela
certeza de que se Aécio Neves tivesse sido eleito, a coisa seria bem
pior, os abnegados saíram às ruas.
E
no dia 15 um número muito maior de pessoas, dos mais diferentes
naipes, com os mais variados interesses, foram protestar, exigir
impeachment e volta da ditadura.
Patético
ler as frases escritas nas faixas, algumas em inglês traduzido pelo
Google. Muitas parecem mais gozação, mas se levarmos em conta o
baixo nível dos manifestantes, podem ser sim a expressão de seu
sentimento de ódio.
Há
uma confusão generalizada, uns querem a ditadura, outros dizem que
vivem numa ditadura comunista, outros culpam Paulo Freire pela
doutrina marxista nas escolas. Tem de tudo. Parece uma casa dos
horrores.
Mas
algo une todos eles. A queda de Dilma e o fim do PT.
Entendamos
de uma vez por todas que vivemos uma luta de classes.
Não
venham falar de indignação com corrupção, inflação alta, PIB
baixo, aumento da gasolina. Nada disso.
É
hora agora de acabar com o combate às desigualdades, o Mais Médicos,
o Minha Casa Minha Vida, etc..
É
hora dos pobres pararem de viajar de avião.
Isso
nunca foi engolido, está entalado.
Acabar
com o PT agora é estratégico pois dificultaria e muito a possível
volta de Lula em 2018, para eles, o pavor dos pavores.
À
noite dois ministros de Dilma foram à TV anunciar um pacote de
medidas contra a corrupção!
Santa
ingenuidade. Santa burrice. O pessoal voltou a bater panelas.
Não
é pela corrupção, meus caros.
Se
fosse pela corrupção, Aécio, Álvaro Dias, FHC e Anastasia também
seriam vaiados, e Serra não teria sido eleito senador no lugar de
Suplicy.
Além disso, não há acusação contra Dilma.
Se
fosse por rumos errados do governo, Alckmin não teria sido reeleito
no primeiro turno.
Outra
coisa que em doze anos de governo o PT não fez foi o que o
blogueiro já prega há muito tempo e, agora um nome de peso o faz: o
filósofo Renato Janine Ribeiro defende a criminalização dos que
pedem a ditadura de volta.
Ele
diz “Estamos tendo no Brasil uma tolerância, que é grande, com
condutas antidemocráticas que deveriam ser tipificadas como
criminosas… Pregar a volta dos militares deveria ser crime, deveria
levar a pessoa para a cadeia. Vários países da Europa
criminalizaram a pregação nazista. Nós – que tivemos uma
ditadura militar – deveríamos criminalizar a pregação da
ditadura.”
A
democracia não deve ser a casa da mãe Joana, onde qualquer um fala
o que quer na hora em que bem entende. Há que se ter liberdade de
expressão, mas existe também uma ética que tem que ser respeitada.
A
democracia deve ser preservada como um bem conquistado com o sangue
de muitas pessoas, inclusive da Presidenta. Entende, custou vidas!
Vemos
diariamente essa ameaça crescer e achamos engraçado. Fazemos piada.
Temos
um deputado que se valeu de votos do sistema democrático para se
eleger, mas que todos os dias prega em plenário da Câmara a volta
do regime militar.
Em
2010 Bolsonaro obteve 120 mil votos. Já em 2014 obteve 464 mil! E
não o levamos à sério. Achamos engraçado...
Novamente
lembro que estamos em meio à uma luta de classes contra quem defende
homofobia, racismo, tortura, extermínio dos povos indígenas, pena
de morte, etc..
Não
pode um governo ficar inerte assistindo a visão de um deputado sobre
esses temas ser passada às pessoas.
E
pelo que vimos no domingo, o homem tem o que comemorar.
Mas
agora seria decretado o fim do governo Dilma?
Não.
Na
sexta-feira o número das pessoas que defendem o resultado das
eleições, a Petrobras, a Reforma Política e outras bandeiras foi
muito expressivo.
Quanto
aos protestos de domingo, ao se analisar as fotos, salta aos olhos a
supremacia branca de classe média alta. Difícil ver algum negro ou
pobre. São quase todos gordos, bem alimentados, com dinheiro para
comprar para toda a família camisetas oficiais da Seleção
Brasileira, marca Nike.
Onde
estavam os negros?
Onde
estavam aqueles que, ainda não podendo se considerar classe média,
não compareceram?
Serão
eles um contingente expressivo?
Sim,
são eles os maiores beneficiários das políticas sociais, que vivem
nas periferias das cidades, que assistem tudo em silêncio, e que
deram seu voto à Dilma.
Portanto,
que o governo não se julgue derrotado, pois o que existe neste
momento é uma polarização, com larga vantagem para ele, não
tenham dúvidas.
O
que Dilma precisa fazer agora é rechaçar medidas impopulares de seu
governo, fazer um cerco à grande mídia com o início de estudos
visando a Lei de Meios, levantar bem alto a bandeira da Reforma
Política, aproximar-se dos movimentos sociais e falar para os
pobres, esquecendo os ricos.
Uma
reforma ministerial neste momento, mais à esquerda, poderia ser
bem-vinda.
Reações
do PMDB haverão?
Elas
sempre existem, mas está na hora de partir para o ataque,
aproveitando que Eduardo Cunha não está com essa bola toda.
Ou isso, ou a fábrica de criar monstros não será fechada. E a sangria continuará.
Em tempo: Drummond não foi.
Ou isso, ou a fábrica de criar monstros não será fechada. E a sangria continuará.
Em tempo: Drummond não foi.
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