Uma das regras do jornalismo (e não só do jornalismo, funciona também nas redes sociais) diz que aquilo que você publica certamente vai ser lido por alguém, nem que seja por uma só pessoa, mas alguém. E quem foi que leu? Nada menos que um dos autores do livro. Pêgo na mentira!
Meu pai era leitor do Estadão e da Folha.
Foi
natural portanto, que eu assumisse o hábito.
Em
tempos de ditadura, quando inúmeras vezes, devido à censura, me
deparava com capas contendo receitas de bolo, percebia o esforço de
jornalistas de primeira linha tentando escapar do cerco imposto pelo
regime, para nos passar alguma informação, pequena que seja, porém,
verdadeira. Havia profissionalismo mesmo no jornal que deu apoio
logístico à ditadura.
Hoje,
porém, as coisas mudaram. Descrente da mídia, de há muito deixei
de ser assinante de jornais e revistas.
Mas
ainda dou minhas fuçadas pela internet.
Foi
numa delas, mais precisamente no O Globo, que li pasmo que Lula
havia sido citado na biografia de Pepe Mujica, ''Uma ovelha negra no
poder'', como ciente do mensalão. Aquela velha história do ''Lula
sabia!''
Mas
no trecho do livro em que o ex-presidente afirma que teve que lidar
com ''coisas imorais'', a palavra ''mensalão'' aparecia entre
parêntesis pois fora colocada pelo repórter, ávido de conseguir o
furo de sua carreira, que o colocaria sentado na mesma mesa dos
irmãos Marinho, degustando talvez um caviar e saboreando um Porto
Dow Vintage.
Uma
das regras do jornalismo (e não só do jornalismo, funciona também
nas redes sociais) diz que aquilo que você publica certamente vai
ser lido por alguém, nem que seja por uma só pessoa, mas alguém.
E
quem é que leu? Nada mais nada menos que um dos dois autores do
livro, Andrés Danza, que rapidamente desmentiu a ''notícia''. Ou
seja, Lula jamais falou o que o repórter de O Globo publicou.
Procurado,
Mujica confirmou que Lula nunca falou sobre isso, e mais, que ele não
é corrupto. Parece que o jornalista desconhece que os dois são amigos.
O
portal G1 da própria Globo publicou o desmentido.
Mas
a história ainda não acabou.
As
revistas semanais, Veja e IstoÉ, MESMO APÓS O DESMENTIDO, ainda
insistem na história.
Os
comentários são os mais odiosos e reacionários possíveis. Para
essa gente, Lula já está denunciado, investigado e, mesmo sem
direito à defesa, culpado. E se possível, condenado à pena de
morte, tamanho o ódio insuflado pela imprensa.
Aos
poucos mais e mais gente deixa de assinar ou comprar jornais e
revistas. Muitos creditam o fato somente ao poder da internet, mas
não esqueçamos que há quem analisa e pensa.
Afinal,
estamos lendo jornais para nos informar ou para sermos enganados por
uma obra de ficção mal disfarçada em notícia?
E
ainda é preciso pagar por isso?
P.
S.: Lula 2018.
Acho
que não precisa desenhar...
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