Embora pelo vídeo, muito curto, não se possa ter uma ideia completa do que aconteceu com o ex-ministro Guido Mantega no Albert Einstein no dia 19, fica claro que algumas pessoas da classe média ou acima, que aguardavam num lobby do hotel, digo, hospital, realmente o hostilizaram.
Mantega
estava uniformizado de ministro, com terno e gravata, o que tornou
fácil reconhecê-lo.
O
ex-ministro estava ali acompanhando sua esposa, Eliane Berger, que
estava visitando um amigo ou uma amiga que está tratando de um câncer.
Xingaram-no
e mandaram-no para o SUS.
Porém, alguém gravou o vídeo e o divulgou. Seria um indignado com a cena? Teria entregue a Mantega para que este o divulgasse?
Algumas questões tem que ser colocadas.
Há
alguma denúncia, alguma acusação de corrupção, algo que desabone
o ex-ministro? Não. Somente o fato de ter pertencido ao governo do
PT. Pra essa gente já basta.
Estão
em todos os lugares.
Estão
nos aeroportos, onde não toleram viajar ao lado de gente que vem
ascendendo socialmente, brancos ou pretos.
Estão
nos shoppings centers, onde não suportam ver grupos de jovens,
geralmente pretos, usando tênis, bermudas e bonés de marca, ocupando
seu espaço ''de direito''.
E
agora estão nos hospitais de marca não tolerando que alguém que
foi ministro de dois governos do PT, esse partido que os insultou
tirando 30 milhões de pessoas da linha de pobreza, acompanhe sua
esposa para uma consulta.
Lula
e Dilma trataram seus tumores no Sírio Libanês.
Nas
duas ocasiões não faltou quem os mandasse para o SUS, afinal Lula
foi e Dilma é presidente do Brasil pelo PT.
José
de Alencar, o vice de Lula também se tratou lá, mas nenhuma voz o
mandou para o SUS, já que ele também era elite.
Alexandre
Padilha, candidato derrotado do PT ao governo do Estado de São
Paulo, durante a campanha prometeu que seu filho nasceria num
hospital do SUS. Foi acusado de demagogo.
Na
semana retrasada, Padilha cumpriu a promessa, mas a revista Veja, sempre ela,
achou também uma maneira de hostilizá-lo ao publicar uma matéria
em que mentia ao afirmar que o candidato levou ao hospital público
uma equipe de médicos de sua preferência para assistir sua esposa,
e que teria depois desistido e preferido um hospital particular.
Parece que está tudo combinado, não?
Pois
bem, pelo andar da carruagem, todo mundo que se diz de esquerda agora
deve se tratar somente no SUS, colocar seus filhos somente em escola
pública e se locomover somente com transporte público ou de
bicicleta. O privado já está reservado. Tem dono.
Em
São Paulo, já há algum tempo, floresce a fina flor do fascismo,
visível através dos impeachloides e dos que querem a volta da
ditadura.
Para
essa gente, o Brasil deveria instaurar um regime de apartheid.
De
um lado fica a reacionária classe média, que pensa que já está
atingindo o andar de cima, e a elite que dominou o país por 500
anos. De outro, ficam os pobres e esses esquerdistas que querem a
promoção social dos que a necessitam.
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