segunda-feira, 27 de outubro de 2014

O que devemos cobrar de Dilma?

Por Fernando Castilho


A vencedora
Acabou.
Dilma venceu as eleições mais difíceis dos últimos 15 anos. 51,64% contra 48,36% de Aécio.
Apenas 3,28% de diferença.

Os institutos de pesquisa erraram?
À exceção do Sensus que previu vitória do tucano, no entender do blog, não.

Por que a vitória da presidenta foi tão apertada?
Dilma vinha num crescendo, e poderia ter vencido com diferença expressiva, talvez de até 10 pontos, não fosse o debate da Globo com altíssima audiência, que a mostrou hesitante e gaguejante ante a um Aécio franco-atirador, descompromissado com a verdade e fluente.

Outro fato que diminuiu a diferença foi o golpe baixo da Veja. Não tenham dúvidas.

Mas Dilma venceu.
O que Dilma deve ter aprendido neste final de segundo turno? (continue a ler...)


Aécio Neves cresceu muito em número de eleitores, e não podemos subestimá-lo em 2018.

Não importa se seu adversário será Lula ou qualquer outro. Serão 4 anos de campanha ininterrupta da mídia contra o governo.

Demos a Dilma nosso voto de confiança, mas certamente temos que cobrar-lhe algumas medidas urgentes, pra ontem.

E não é o que a maioria imagina. O que a presidenta prometeu em campanha, certamente há de cumprir, como fez até agora.

Diálogo
Em seu discurso de posse, Dilma conclamou o povo ao diálogo, em atitude conciliadora visando unir o país ao invés de dividí-lo.
É PRECISO, e a presidenta já colocou este ítem como sua primeira prioridade. O ódio ao PT, inflamado pela mídia, pela direita raivosa tem que ser combatido com iniciativas concretas de informação. 

''A minha disposição mais profunda é liderar da forma mais pacífica e democrática este momento transformador. Estou disposta a abrir um enorme espaço de diálogo com todos os setores da sociedade para encontrar soluções mais rápidas para os nossos problemas.'' 
É isto que se espera de uma estadista.

Reforma política
Ficou absolutamente claro que o calcanhar de Aquiles do PT é a corrupção, tenha o partido ou a presidenta cometido ou não. Isso ainda há de render muito até 2018.
O governo PRECISA concentrar esforços na Reforma Política. O principal ítem que TEM que ser aprovado, embora não seja de interesse dos outros partidos, é a proibição do financiamento empresarial às campanhas. Esse é sempre o maior gerador de corrupção nos governos, uma vez que a empresa faz uma doação à campanha do candidato, e depois apresenta-lhe a fatura.

Também em seu discurso, de vitória, Dilma já se comprometeu com a Reforma Política.

Como é de responsabilidade do Congresso, o governo precisa fazer gestões junto a esse poder, para aprovar essa lei.

Secom
A Secretaria de Comunicação da Presidência TEM que mudar sua linha de atuação. Não é possível aceitar que uma revista receba verba de publicidade do governo ao mesmo tempo que lhe aplica golpes como fez a Veja e outros órgãos de imprensa.

Com relação às emissoras de rádio e televisão, estas NÃO PODEM continuar a fazer política partidária pois são objeto de concessão do poder público. No fim, quem está pagando à Globo para que ela sistematicamente fale mal do governo e omita do público suas realizações, somos nós mesmos que pagamos impostos.

Além disso, principalmente durante os debates, ficou claro que Aécio Neves, um quadro muito fraco entre os fracos quadros do PSDB, com muitos calcanhares de Aquiles, aproveitou-se do fato de que a maioria da população desconhece o limite da competência do governo federal, quanto à saúde, educação e segurança pública. 

É inaceitável que somente através dos programas eleitorais de Dilma, o povo tivesse conhecimento das obras de transposição do Rio São Francisco, da Ferrovia Norte-Sul, da ponte sobre o Rio Negro e da Usina Hidrelétrica de Belo Monte. Que a mídia boicotou, já sabemos, mas por que a Secom não tratou da divulgação dessas obras?

É inadmissível que o povo brasileiro ainda não saiba que a obra do Porto de Muriel em Cuba está sendo executada por uma empreiteira (empresa privada) que recebeu financiamento do BNDES, que está sendo pago com juros. Está gerando empregos para os brasileiros. O governo não está dando um porto para Cuba! A Secom falha feio no sentido de informar melhor o povo.

Lei de Meios
Essas medidas que a Secom deveria implementar são apenas paliativos enquanto uma lei que regule e democratize a mídia não vem.
Esta lei tem que ser apresentada, discutida e aprovada pelo Congresso na próxima gestão, sem o que, a mídia continuará a manipular a opinião pública a seu bel prazer.
Não se trata de atentado à liberdade de expressão, mas de garantir que os espaços dados a todos os partidos e candidatos em geral, seja democraticamente o mesmo.

Criminalização da homofobia
Levy Fidelix, o candidato que nos remete à triste lembrança de sua fala num dos debates, NÃO PODE continuar a pregar impunemente a homofobia. Nem ele nem ninguém. Os que tem poucos neurônios entendem isso como um aval para sair espancando e matando homossexuais. A pregação da homofobia tem que virar crime, além de se tornar impedimento para que o candidato continue a disputar a eleição. Depende do Congresso, mas o executivo tem que tomar a iniciativa.

Criminalização do fascismo
A democracia foi uma conquista arrancada da ditadura à duras penas. Muitos foram o que sofreram ou deram a vida para que hoje possamos escolher nossos governantes.
Pois bem, um candidato que prega a ditadura NÃO PODE disputar eleições democráticas. Jair Bolsonaro teve votação por demais expressiva. Seu crescimento é perigoso por fazer crescer o ódio numa população que não viveu o regime ditatorial, principalmente os jovens.

Assistimos este ano bizarras comemorações da ditadura, quando se completaram 50 anos do golpe. Pessoas saíram às ruas, e órgãos de imprensa flertaram com sua volta, num claríssimo balão de ensaio para ver no que dava. Felizmente, naquele mês de março, pouca gente aderiu.

Mas o que vimos agora, às vésperas do segundo turno?
Gente nas ruas, enrolada com bandeiras do Brasil, manifestando um ódio irracional contra, segundo eles, a ditadura comunista que existe no Brasil. Até FHC, Serra e Aloyzio, que pagaram um certo preço naquela época, estavam entre os fascistas nas ruas, que diziam que, se não podem ter a volta do regime militar, que se vote no Aécio, mesmo. 
A pregação da ditadura TEM que ser criminalizada através de projeto de lei a ser aprovado pelo Congresso.

Reforma agrária
Está sendo feita a toque lento demais. É necessário que se invista mais nesse ítem.
Forças Armadas
A ditadura já acabou há 24 anos, mas os generais de pijama ainda estão por aí, seja na caserna ou fora dela, pregando sua volta.
O governo junto com o PT precisa investir na renovação da instituição exército, investir na formação de quadros democráticos, sem essa carranca de direita que ainda hoje ostentam.

Imposto sobre as grandes fortunas
Não é mais possível aceitar que, nos dias de hoje, as grandes fortunas paguem a mesma porcentagem em impostos, que o trabalhador assalariado que tem seu imposto descontado na fonte. É PRECISO que haja uma reforma nesse sentido. Além disso, é necessário aumentar a fiscalização e a punição aos sonegadores, os verdadeiros sangue-suga do país.

Participação popular
Importante para que se possa avançar mais nos projetos sociais, além de diminuir as tensões e esclarecer melhor a população acerca dos problemas e limites enfrentados pelo governo. Um governo só é popular quando ouve as reivindicações do povo. O governo PRECISA retomar o diálogo mais próximo com os movimentos sociais.

Como vemos, além do próprio programa de governo de Dilma para os próximos quatro anos, há uma série de medidas imperiosas que, se não forem implementadas, farão com que a disputa em 2018 seja ainda mais encarniçada do que esta.
Com o risco de que a oposição vença.








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