sábado, 25 de outubro de 2014

A nulidade do voto nulo

Por Fernando Castilho


Na pesquisa Datafolha de 23 de outubro, em que Dilma aparece 6 pontos à frente de Aécio, há que se destacar que ainda há 10% entre indecisos, os que anularão o voto ou votarão em branco.

Isso representa cerca de 14 milhões de votos, e poderia decidir a eleição para um ou para outro.

Mas vamos falar um pouco sobre os que anularão seu voto.
Por que anularão?

Algumas dessas pessoas são apolíticas. Outras são ''anarquistas'' ou qualquer coisa que se aproxime disso. São relativamente jovens, não tem bom conhecimento da História do país e não passaram pelos governos FHC.

Não vêem sentido em escolher este ou aquele candidato. Acham que são farinha do mesmo saco. Não se informam, não conversam sobre política, mas vivem a reclamar da situação financeira do país.

Outras fazem parte daquelas que saíram às ruas em junho de 2013, atendendo a um chamamento midiático que inventou o bordão ''o gigante acordou''. Naquela época, a origem das manifestações era a luta contra o aumento de 20 centavos na tarifa dos ônibus. Mas a mídia (e talvez até gente de fora) enxergou aí uma ótima possibilidade de baixar a bola de Dilma Rousseff, que detinha em março a aprovação de 65% (entre bom e ótimo). Após as manifestações, a aprovação caiu para 34% em julho! Ou seja, quem tinha uma boa percepção do desempenho do governo, mudou de opinião de uma hora para outra. A mídia comemorou. A reeleição de Dilma já não estava mais garantida. (continue a ler...)

Um terceiro grupo é oriundo de marinistas, alguns pertencentes à Rede Sustentabilidade, o quase partido de Marina Silva, outros chegados após a morte de Eduardo Campos.

A ex-senadora perdeu a eleição no primeiro turno, passando a apoiar Aécio no segundo. Marinistas antigos e recém-chegados, não concordam em votar no tucano, mas também não dão o braço a torcer votando no PT, pois, na opinião deles, sua musa foi derrotada devido aos sórdidos ataques sofridos durante a campanha. Não perdoam.

Por fim, há aqueles que se dizem de esquerda, mas acham que o PT, por ter feito alianças, e por ter feito um governo em que todos saíram ganhando, inclusive os bancos, confundem os dois projetos como sendo um só. Erro histórico cometido pelas esquerdas.

O que une todos esses grupos, além do fato de votarem nulo e de acharem que Dilma e Aécio são a mesma coisa, é o desejo, mesmo que às vezes não tão claro ou consciente, de que as coisas melhorem, não para a camada mais rica da população, que já tem muito e pouco precisa de governo, mas sim, para as camadas mais necessitadas, das quais eles fazem parte.

Querem melhorias na saúde, na educação, no transporte, mas querem também o direito de consumir mais. Querem mais segurança. Querem que apareça um presidente que acabe com a corrupção por decreto. Querem que a desigualdade diminua...

Devido ao anti-petismo, novamente pregado pela mídia, não querem a reeleição de Dilma.

Mas deveriam se perguntar: quem seria mais capaz de atender aos seus anseios?

Se Aécio Neves vencer, sua política econômica neoliberal será posta a funcionar pelo seu indicado para ministro, Armínio Fraga. Este já declarou que o salário mínimo está muito alto.
Não há dúvidas de que todos nós veríamos passar quatro anos em que o arrocho salarial reapareceria, o desemprego aumentaria e os programas sociais seriam desacelerados ou até extintos. Mas não pensem que seria só por quatro anos, e que após isso, o povo descontente voltaria a eleger Lula de novo.

A mídia e a direita desta vez tomariam todas as providências para que isso não ocorresse, ainda mais em se tratando de Lula, um leão nas eleições.

Seríamos bombardeados diariamente com ótimas notícias sobre ''realizações'' de Aécio. Sobre corrupção, esqueçam. Desta vez nada apareceria.

Diariamente também, Lula, ainda que não estivesse no governo, seria massacrado. ''Notícias'' e factóides dariam conta de escândalos sobre ele, sempre relatados por fontes cujos nomes os ''jornalistas'' não podem revelar.

E assim, com a deturpada percepção de que tudo está bem, O PSDB se reelegeria, até que saísse somente por revolução. Não largaria o osso.

Agora, mais do que nunca, é preciso que os que desejam votar nulo percebam a nulidade de seu ato. No que ajuda votar nulo?

Por isso, é fundamental que Dilma se reeleja, para que todos, inclusive os que votarão nulo, tenham algum futuro.



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