quinta-feira, 22 de maio de 2014

Haddad e o zeppelin

Por Fernando Castilho

Em 2003, quando Lula assumiu a Presidência do Brasil, levou junto com ele, Antonio Palocci.

Ministro da Fazenda por três anos, com uma gestão marcada pela responsabilidade fiscal e por bons resultados na economia, Antonio Palocci tornou-se um dos homens fortes do governo do ex-presidente Lula, mas escândalos de corrupção acabaram por cortar os motores da carreira ascendente do político.

Sem entrar em detalhes sobre as acusações contra as quais se defende o ex-ministro, até porque não há ainda veredictos, o fato concreto é que, além de Lula, o nome forte do Governo até então era Palocci.

A continuar em ascensão, poderia ser ele sucessor de Lula numa outra disputa presidencial.

O nome fora queimado e inviabilizado por todo o sempre.
Por João Bosco


O próximo nome altamente qualificado à uma sucessão era o de José Dirceu.

Dirceu ocupou o principal posto da coordenação política do governo, sendo tratado pela imprensa como o homem forte da administração federal, a quem caberiam efetivamente as decisões, um super-ministro ou "primeiro-ministro".

Sua queda ocorreu com seu pedido de demissão em meio à crise política que surgiu após denúncias de corrupção nos Correios e em outras empresas estatais, vindas à tona após acusações do deputado Roberto Jefferson. Reassumiu, então, seu mandato de deputado federal.

Em março de 2006, o procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza o denunciou ao Supremo Tribunal Federal (STF) por corrupção ativa, formação de quadrilha, lavagem de dinheiro e peculato.

Mais um nome queimado e inviabilizado por todo o sempre.

Não restando mais nomes fortes a indicar, e, talvez por receio de que a mídia apontasse seus canhões mais potentes justamente para nomes fortes, Lula resolveu indicar Dilma Rousseff para a disputa da Presidência da República em 2010.

Dilma havia sido Ministra de Minas e Energia de Lula, e, embora chefiando uma pasta poderosa, era desconhecida do grande público.

A mídia publicou seu perfil dando grande destaque ao fato de ela ter sido guerrilheira durante a Ditadura.

Não adiantou. Lula elegera um poste, como disseram.
Por Willian Medeiros


Em 28 de outubro de 2012, um praticamente desconhecido da população paulistana, (havia sido Ministro da Educação do Governo Dilma Rousseff), derrotou, com o apoio decisivo de Lula, e contra todos os prognósticos, José Serra (este, velho conhecido do povo) a disputa pela Prefeitura de São Paulo.

Mais um poste.

Mesmo em meio aos ataques midiáticos diários da direita que temia perder a administração da maior cidade da América Latina para o PT, utilizando-se para isso, o expediente de noticiar dia sim, outro também, qualquer notícia acerca do julgamento da Ação Penal 470, apelidada de processo do mensalão, Fernando Haddad foi eleito com 3.387.720 votos, o que correspondeu a 55,57% dos votos válidos, contra 2.708.768 do tucano, 44,43%.

A vitória marcou o retorno do PT à Prefeitura da capital paulista oito anos após Marta Suplicy deixar o comando da cidade.

Em seu discurso de vitória, o petista disse que iria ''derrubar o muro da vergonha que separa a cidade rica da cidade pobre''. "São Paulo não é uma ilha, não é uma cidade murada, precisa fazer parceria", disse, referindo-se principalmente ao governo federal.

E aí começaram seus problemas.

Se esse homem conseguisse se sair bem à frente da Prefeitura, poderia alçar vôo em direção ao Palácio dos Bandeirantes, acabando com a longa hegemonia do PSDB. Mais que isso, poderia ele ser o candidato à sucessão de Dilma em 2018!

Porque convenhamos, para aquele ano, o PT só tem no momento o bom e velho Lula mesmo, o que também não é pouco. Mas Lula não viverá para sempre.

O plano traçado pela mídia e seus asseclas previa o bombardeio quase que diário à ações que ele empreendesse no cumprimento do prometido em seu discurso, ao mesmo tempo em que outros órgãos como o Supremo Tribunal Federal, STF e o Tribunal de Contas do Município, TCM, tratariam de engessá-lo, impedindo o desempenho de sua administração.

Começou com o reajuste do IPTU. A ideia de aumentar o pagamento para os terrenos localizados em áreas mais nobres e baratear nas áreas mais pobres desagradou a elite.
Joaquim Barbosa acatou um pedido de cassação ao reajuste feito por Paulo Skaf da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo, FIESP, ele próprio candidato a Governador do Estado.

Sem o reajuste do IPTU, os investimentos em São Paulo ficam praticamente inviabilizados.

Na época Haddad desabafou: “Recebi um telefonema de um dono de muitos meios de comunicação dizendo que não daria trégua à prefeitura e que colocaria todos seus veículos contra o IPTU progressivo. Isso não me foi contado. Isso foi dito.”

O site Conversa Afiada logo descobriu de quem se tratava: de Johnny Saad, dono da Band.

Haddad tentou investir em mobilidade urbana.

Amparado em pesquisas que davam conta de que a implantação de corredores de ônibus faria com que o trânsito destes passasse a fluir mais rapidamente, garantindo menor tempo de idas e vindas para a população que se utiliza deste meio de transporte, (os pobres) passou a ser duramente atacado pela mídia, que viu seu projeto prejudicar a vida da minoria que só anda de carro.

E o Tribunal de Contas do Município, TCM ilegalmente, (pois não tem atribuição para isso) obrigou Haddad a interromper a ampliação dos corredores.

Agora a mais nova: a greve ilegal dos motoristas e cobradores.

Após uma negociação bem-sucedida e encerrada com o Sindicato dos Motoristas e Cobradores, eis que os ônibus foram paralisados por bandidos em motos que arracaram as chaves do ônibus e mandaram passageiros descer em qualquer lugar, ameaçando os motoristas, muitos do quais queriam trabalhar.

Segundo Haddad, a população não pode ser penalizada por uma paralisação que pode ter tido origem em conflitos internos ao sindicato. “Já foram dois dias. Ontem pareceu mais grave, mas, mesmo assim, ainda hoje foi um dia de transtorno para a população, que não pode ser penalizada no momento em que a prefeitura está honrando com todos seus compromissos”, disse.

Mas a origem é outra.

A intenção é enfraquecer mais ainda Haddad, e por tabela o PT de Dilma Roussef e de Alexandre Padilha.

E vejam como tudo está bem orquestrado.

O Governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, acaba de declarar em Ribeirão Preto que a paralisação criminosa dos ônibus de São Paulo é um problema do Prefeito Municipal.
Ou seja, ele não vai colocar a Polícia Militar a serviço do povo, o maior interessado na normalização do transporte.

"Se um policial vê que tem um ônibus atravessado numa avenida, ninguém precisa pedir para ele agir, porque ele tem obrigação de ir lá resolver aquilo", disse secretário municipal de Transportes.

E se fosse o seu carro que ficasse atravessado na rua? A polícia não interviria para que você o retirasse imediatamente?

Alckmin tá de brincadeira, assim como no caso da inauguração do volume morto da Cantareira.

E mais um nome que tem potencial para crescer vai sendo inviabilizado...

Joga pedra no Haddad, joga b... no Haddad, ele é feito pra apanhar...

Porém, há mais 3 anos e maio para Haddad. Ele vem obtendo vitórias em áreas não exploradas com sucesso pela mídia, como na Operação Braços Abertos, ou a criação do Conselho da Cidade, com mais de uma centena de membros, à luz do que ocorre no Governo Federal, o que é claramente a sinalização de um governo que quer ouvir a sociedade politicamente organizada, a criação da CGM e de mecanismos de gestão fiscalizatórios, a revisão do Plano Diretor, etc..

A mídia está explorando ao máximo essa paralisação nos transportes, colhendo seus dividendos políticos, que aliados aos protestos contra a Copa, podem desencadear um golpe antes das eleições.

Já que Aécio não sobe mesmo.

Ah, se o racionamento de água em São Paulo fosse obra do PT...


















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