Por Fernando Castilho
Pra
variar saiu na Folha mais uma notícia relacionada ao mensalão.
É todo dia.
Desta
vez, ela dá conta de que a defesa de José Dirceu, cujo número de
citações no jornal, de seis meses para cá, deve ter batido todos
os recordes, acaba de recorrer ao Plenário do STF contra ao veto a
seu trabalho externo.
Em
que pese tudo aquilo que já foi publicado sobre o caso de Dirceu, o
que dá um volume bem grande, haverei de em breve, escrever um pouco
mais sobre o assunto.
Mas
agora não é esse o caso.
Desde
o começo do escândalo que se transformou na AP 470, vulgo
julgamento do mensalão, a Folha de São Paulo publica acima de
qualquer notícia sobre o assunto (e olha que tem material diário,
mesmo após os veredictos terem sido confirmados já faz tempo) uma
galeria de fotos do réus.
Como
aqueles bustos de animais empalhados que frequentam paredes de
caçadores, lá estão os 49 réus do processo.
Mas
péra! Lá está a foto de Luiz Gushiken!
Gushiken,
desde o início do processo do mensalão, manteve-se convicto de que
não havia dinheiro da comunicação no dito mensalão. Dizia que a
única maneira de algum valor substancial da área ir parar nas mãos
dos partidos seria se os veículos estivessem remetendo os recursos
de publicidade para campanhas eleitorais. A quase totalidade do
dinheiro da publicidade é gasto justamente na veiculação de
comerciais. Não fazia sentido.
Com essa certeza em mãos, Gushiken foi para uma das comissões parlamentares de inquérito montadas no Congresso e enfrentou gente como Eduardo Paes e Gustavo Fruet. Ambos eram estrelas do PSDB no espetáculo midiático do mensalão e diziam estar enfrentando o governo mais corrupto de toda a história do Brasil. Paes e Fruet, hoje no PDMB e no PDT, respectivamente, iriam depois se desculpar pessoalmente com Lula e pedir de joelhos o apoio às suas campanhas às prefeituras do Rio de Janeiro e de Curitiba, em 2012.
Acusado injustamente, Gushiken foi inocentado na peça elaborada pelo procurador-geral da República, no relatório de Joaquim Barbosa e pelo voto de todos os ministros do Supremo Tribunal Federal. As manchetes do dia seguinte de forma alguma lhe fizeram justiça. Dizem, ainda hoje, após sua morte, que ele foi inocentado por “falta de provas”, como se fosse possível haver provas de algo que não existiu.
Com essa certeza em mãos, Gushiken foi para uma das comissões parlamentares de inquérito montadas no Congresso e enfrentou gente como Eduardo Paes e Gustavo Fruet. Ambos eram estrelas do PSDB no espetáculo midiático do mensalão e diziam estar enfrentando o governo mais corrupto de toda a história do Brasil. Paes e Fruet, hoje no PDMB e no PDT, respectivamente, iriam depois se desculpar pessoalmente com Lula e pedir de joelhos o apoio às suas campanhas às prefeituras do Rio de Janeiro e de Curitiba, em 2012.
Acusado injustamente, Gushiken foi inocentado na peça elaborada pelo procurador-geral da República, no relatório de Joaquim Barbosa e pelo voto de todos os ministros do Supremo Tribunal Federal. As manchetes do dia seguinte de forma alguma lhe fizeram justiça. Dizem, ainda hoje, após sua morte, que ele foi inocentado por “falta de provas”, como se fosse possível haver provas de algo que não existiu.
Uma
nota da seção Radar, da Veja, acusou Gushiken de ter pagado com
dinheiro público um jantar com um interlocutor que saiu por mais de
3 000 reais. A nota descia a detalhes nos vinhos e nos charutos
“cubanos”.
Gushiken processou a revista. Ele forneceu evidências – a começar pela nota e por testemunho de um garçom – de que a conta era na verdade um décimo da alegada, que o vinho fora levado de casa, e os charutos eram brasileiros.
Mais uma vez, uma demora enorme na justiça, graças a chicanas jurídicas da Abril.
Em junho passado, Gushiken enfim venceu a causa. A justiça condenou a Veja a pagar uma indenização de 20 mil reais, valor que mais tarde, após recurso, foi reajustado para 100 mil reais.
Gushiken processou a revista. Ele forneceu evidências – a começar pela nota e por testemunho de um garçom – de que a conta era na verdade um décimo da alegada, que o vinho fora levado de casa, e os charutos eram brasileiros.
Mais uma vez, uma demora enorme na justiça, graças a chicanas jurídicas da Abril.
Em junho passado, Gushiken enfim venceu a causa. A justiça condenou a Veja a pagar uma indenização de 20 mil reais, valor que mais tarde, após recurso, foi reajustado para 100 mil reais.
Sua
família, antes, durante e mesmo após já ter sido inocentado,
sofreu na pele o ''julgamento'' que as pessoas comuns lhe faziam
cotidianamente. No elevador do prédio, ao passar pelo porteiro, ao
cumprimentar um vizinho, ao ir à padaria, ao supermercado, à banca
de jornais, à um restaurante, cinema, lá estavam as pessoas com
olhar perscrutador e pensamento carcereiro.
Nenhum dos detratores jamais pediu desculpas a Gushiken.
Nenhum dos detratores jamais pediu desculpas a Gushiken.
E
a Folha ainda mantém na parede seu troféu de caça.
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