domingo, 18 de maio de 2014

Zé Dirceu, um personagem rocambolesco

Por Fernando Castilho

Zé Dirceu tal qual Rocambole, personagem de vários romances de folhetim de Ponson du Terrail, é autor de mil e uma peripécias. Zé Rocambole Dirceu se mete nas mais variadas aventuras, mas sempre se sai bem, esperto e liso como sabonete.

A primeira começa quando em 1967, conhecido pelo codinome de "Daniel", presidiu a União Estadual de Estudantes (UEE), firmando-se como líder estudantil.


Rocambole - Ponson du Terrail


Em 1969 o MR8 e a ALN seqüestraram o embaixador dos Estados Unidos, Charles Burke Elbrick. Os revolucionários exigiram a libertação de uma lista de prisioneiros políticos, entre eles José Dirceu.

Os presos trocados pelo embaixador, deportados do Brasil, seguiram para o México. De lá seguiram para Cuba e Paris. Dirceu foi para Cuba. Durante o exílio, trabalhou, recebeu treinamento militar, estudou na ilha.

Essa foi a primeira peripécia.

Retornou ao Brasil em 1971, vivendo clandestinamente em São Paulo e em algumas cidades do Nordeste. Em 1975, em Cuba, alterou sua aparência através de uma cirurgia plástica e retornou ao Brasil, com o nome falso de "Carlos Henrique Gouveia de Mello", instalando-se na cidade de Cruzeiro do Oeste, no Paraná.

Mas que peripécia ousada, não?

Em 1979, com a anistia, retornou a Cuba, desfez a cirurgia plástica e, em dezembro de 1979, voltou definitivamente para o Brasil, onde passou a participar das atividades políticas em curso, que deram origem ao PT.

Caramba! Mais uma!

Após um período de tempo sem peripécias, em que viveu uma vida que pode ser considerada ''normal'', tendo sido eleito deputado federal, e presidente do Partido dos Trabalhadores, torna-se Ministro Chefe da Casa Civil do Governo Lula.

Devido às denúncias do deputado Roberto Jefferson em 2005, demite-se e retoma seu mandato de deputado federal.

Cassado por falta de decoro parlamentar, teve seu nome incluído na lista de 40 pessoas denunciadas pelo procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza, ao Supremo Tribunal Federal (STF), cujo Presidente é o Ministro Joaquim Barbosa, indicado por Lula.

Zé Dirceu foi condenado em 2012 por corrupção ativa e formação de quadrilha no processo conhecido como Mensalão do PT.

É aí que retoma suas ''peripécias''.
Zé Dirceu

Zé Dirceu foi condenado embora haja absoluta ausência de provas.

A Ministra do STF chegou a afirmar que não havia provas cabais contra ele, mas que a literatura jurídica assim lhe permitia.

O Ministro Joaquim Barbosa utilizou-se (erroneamente) da chamada ''Teoria do Dominio do Fato'' pela qual, se um crime foi realizado por uma quadrilha sob as vistas de seu chefe, certamente ele deveria ter conhecimento.

Certamente mais uma ''peripécia'' de Dirceu.

Após terem sido levantados os sigilos, bancário, de telefone, de e-mails, e não ter sido encontrada nenhuma anormalidade, JB afirmou que este fato demonstra o quanto a quadrilha era organizada. Não deixou pistas (nem provas).

Mais uma do Zé. Esse Zé é mais liso que sabonete...

Por fim, Dirceu foi para a Papuda, em regime semi-aberto.

Como lhe garante a Constituição, foi em busca de emprego.

Conseguiu um trabalho de gerente de um hotel em Brasília.

Rocambole - Ponson du Terrail
A mídia (sempre ela) indignada com o salário que Dirceu iria receber (cerca de 20 mil reais, uma afronta!) decidiu investigar o hotel. Descobriu que o proprietário não era aquele que ofereceu o emprego a Dirceu, mas sim alguém lá do Panamá.

Grande falta do Zé.

E mais uma de suas ''peripécias''. Essa foi bem rocambolesca.
Zé desistiu. Resolveu trabalhar na biblioteca da prisão.

Depois, um escritório de advocacia ofereceu-lhe um trabalho com salário de 2100 reais.
Mas a Folha decidiu que ele usava um celular na cadeia!

Barbosa ficou muito bravo com o ''fato'' e decidiu não dar mais oportunidade de trabalho ao Zé.

Zé escorregou que nem sabonete de novo. Se ''livrou do trabalho''.

Constatado que não houve indícios de uso de celular, a Folha resolveu ir por outro caminho: Zé Dirceu tinha regalias que nenhum outro preso tinha na Papuda: Ele comera uma feijoada!

Então uma comissão de 5 parlamentares da Comissão de Direitos Humanos resolve fazer uma vistoria em sua cela e constata que Dirceu não tem regalias. A feijoada fora feita com os ingredientes comprados na vendinha da prisão, direito que todos tem.
Êita Zé. Dá nó em pingo d'água, não?

Joaquim Barbosa não consegue mais esconder sua irritação, e decide sozinho que Dirceu tem que cumprir um sexto da pena em regime fechado para que possa ter direito ao semi-aberto.
Outra ''peripécia'' do Zé.

Vai ficando preso na boa, sem trabalhar, só lendo seus livros, organizando a biblioteca da prisão e varrendo o pátio.

Espertinho, não?

Um verdadeiro Rocambole.

Charge por Pataxó






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