terça-feira, 19 de agosto de 2014

Alckmin, eterno...

Por Fernando Castilho

Reproduzo aqui uma síntese bem humorada, em forma de versos, dos problemas enfrentados pelo Estado de São Paulo, tendo à frente Geraldo Alckmin (PSDB)


Por José Luiz Teixeira

MASOQUISMO À PAULISTA

Enquanto a USP desaparece, Alckmin cresce
Enquanto o trem descarrila, Alckmin puxa a fila
Enquanto a água de Cantareira some, Alckmin sobe
Enquanto nas ruas falta segurança, Alckmin avança
Enquanto a PM arrebenta, o voto em Alckmin aumenta
Enquanto a boa saúde é uma quimera, Alckmin lidera
Enquanto a escola se desmonta, Alckmin segue na ponta
Enquanto o Metrô está saturado, Alckmin ganha disparado
Enquanto no trensalão some dinheiro, Alckmin fica em primeiro
Enquanto escrevo tais palavras, Alckmin manda o povo às favas
Enquanto a tarifa de pedágio é revista, Alckmin encabeça a lista
Enquanto faz acordo com o PCC, Alckmin leva o voto de você
Enquanto fica na fila da CDHU, serão 24 anos tomando...caju!



do Blog do Fernando Rodrigues

Tentar analisar o por quê do alto índice de Geraldo Alckmin na pesquisa Datafolha (55%), é realmente um exercício aparentemente impossível para qualquer mente que tenha um mínimo de raciocínio lógico. Verdadeiro brainstorming solitário. Mas algumas coisas saltam aos olhos.

A pesquisa Datafolha de novembro de 2013, para o governo de São Paulo, quando começava-se a desconfiar de que os níveis do Sistema Cantareira poderiam estar baixando, dava para Geraldo Alckmin 43%, para Paulo Skaf 19% e para Alexandre Padilha 4% das intenções de voto.

A próxima pesquisa Datafolha só ocorreria em junho de 2014, próxima a realização da Copa do Mundo no Brasil, quando a água do volume morto do Sistema Cantareira já vinha sendo retirada desde 15 de maio . Os índices eram de 47%, 21% e 4% para Alckmin, Skaf e Padilha, respectivamente. Ou seja, apesar da crise hidráulica, o governador tucano que tenta a reeleição, ficando 19 anos (!) no poder (até os fantasmas do palácio já o cumprimentam), seja como governador ou vice, subiu 4 pontos!

Em julho, nova pesquisa Datafolha aponta subida de Alckmin para 54%! Skaf crava 16%. Após Skaf ter criticado o tucano na questão do Cantareira, inacreditavelmente este sobe mais 7%.

A última do Datafolha mostra subida (ou estabilização, já que está dentro da margem de erro) de 1%. O governador vai a 55%!

E a água é só um dos problemas de São Paulo, como bem mostra em versos, José Luiz Teixeira.

Com a mídia a evitar notícias negativas sobre seu governo, Alckmin já está nas alturas.
Alckmin impôs sua marca registrada: o imobilismo diante dos problemas típicos de um estado, e pior, de uma metrópole em fervoroso crescimento tanto qualitativo quanto quantitativo.

Questões como prover o estado com água foram negligenciados, uma vez que o governador fora alertado em 2004 da necessidade premente de investir em novos mananciais, sem os quais São Paulo em alguns anos iria sofrer, como está sofrendo agora, com o desabastecimento.

Podemos elencar aqui inúmeros problemas advindos de seu imobilismo: metrô insuficiente, obras que não conseguem ser completadas (despoluição do Tietê que já dura mais de 20 anos, rodoanel, etc.), sucateamento da USP, contaminação do solo da USP leste, sucateamento do Instituto Butantan, aumento da criminalidade, aliado a uma polícia que sabe muito bem bater em manifestantes mas não consegue prender bandidos, ensino médio deficiente, com salários aviltantes de professores, além de contratações de temporários sem os respectivos direitos trabalhistas (desvia recursos para comprar milhares de assinatura da Folha de São Paulo e da Veja), saúde ruim, uma vez que não repassa, como deveria, os recursos do governo federal (haja visto o ocorrido na Santa Casa), aumento abusivo de pedágios, etc., etc..

O paulista é realmente masoquista?
Uma das explicações para o alto índice do tucano pode ser o fato de que, principalmente no interior, onde Alckmin tem a maior parte da aprovação, as pessoas possuem um perfil mais conservador, menos afeitas a mudanças. Além disso, os problemas que ocorrem nesses municípios são melhor identificados com seus prefeitos, como ocorre também na capital.

Porém a capital tem um grande diferencial em relação ao interior.
Em 2012 foi eleito prefeito de São Paulo, Fernando Haddad do PT, em meio a todo o bafafá em torno do julgamento da AP-470. Embora eleito, muitos paulistanos o associam aos condenados. Outro fato é que, no que acabou de tomar posse, a mídia não perdoou, apontando toda a sua artilharia para ele.

Então houve uma tendência em se refugiar para o porto mais seguro, o que menos aparece, o que menos muda, justamente o governador.

Governador este que tem sobre si acusações gravíssimas de corrupção sendo investigadas pelo Ministério Público, mas que a grande maioria da população desconhece pois não são publicadas na grande mídia.

Então, temos dois fatores que se somam: bombardeamento em Haddad e blindagem em Alckmin. É a mídia em ação.

Mais um fator: em São Paulo, tanto na capital como no interior, devido à políticas de distribuição de renda e de aumento real do salário mínimo, o pobre passou a ter acesso a bens aos quais antes não tinha. Pôde comprar seu carro novo, sua TV de 40 polegadas, seu aparelho de som, suas roupas de grife, e agora já pode viajar de avião. Passou a se tornar uma nova classe. Já não se enxerga como pobre. Olha-se no espelho e diz: agora faço parte de uma elite. E para completar o figurino, faltava votar como a elite. No Alckmin.

O síndico Tim Maia já tinha uma explicação para isso, bem antes de falecer. Dizia que no Brasil pobre é de direita. Ele tinha razão.

É a tal de direita pão com ovo.

Do blog Essa Porra de Vida



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