terça-feira, 12 de agosto de 2014

Por que o JN levou Aécio às cordas?

Por Fernando Castilho


Começou a série de mini entrevistas de 15 minutos com os presidenciáveis no  Jornal Nacional.

Pelo sorteio, o primeiro a ser entrevistado foi Aécio Neves.

Assisti. E depois li muitas impressões de grandes blogueiros sobre o desempenho de William Bonner, Patrícia Poeta e o tucano.

Gente do gabarito de Renato Rovai ou de Fernando Brito, por exemplo, se surpreendeu com as perguntas, que, longe de serem mamão com açúcar, ou de servirem de oportunidade para Aécio fazer comício em rede nacional, colocaram o tucano em maus lençóis.


Em parte, concordo. O senador teve um desempenho muito ruim. Foi às cordas e não teve como sair. Até parecia que a dupla estava entrevistando Dilma. Aliás, tenham certeza de que quando chegar a vez dela, vai ser um rolo compressor sem tamanho, e somente com bastante preparo, a petista pode se sair bem.

Pois bem, na opinião deste blog, Aécio não foi mal somente porque não soube responder às perguntas. Ou porque a pegada foi forte demais para ele.

O tucano vem cavando a própria cova.

Ao ser perguntado por Bonner se iria proceder ao aumento de tarifas e do valor do petróleo, esquivou-se dizendo que seria preciso antes analisar a situação como um todo para depois tomar as medidas necessárias. Passou pelo vexame de levar um pito do apresentador por não ter respondido à questão.

Vejam que ele próprio tem o tempo todo afirmado que o preço da gasolina está contido, mas que depois das eleições, Dilma aplicará um tarifaço. Foi ele que provocou este tipo de pergunta incômoda para ELE MESMO responder. Tivesse ele se manifestado mais discretamente sobre o assunto, talvez a pergunta nem fosse feita.

Patrícia Poeta lhe perguntou: se ele não questionava a ação dos governos petistas na área social, por que então mudar?

Aécio responde então que os programas Bolsa Família e outros foram criados, sob outros nomes, pelo PSDB na gestão de FHC, e que Lula e Dilma só os vem aperfeiçoando. E o que ele fará é continuar aperfeiçoando e ampliando os programas. Poeta então lhe inquire sobre se isso não significa dar continuidade ao que Dilma está fazendo. Ora, se ele não pretende mudar, a que veio? Mais ou menos isso.

O candidato engoliu em seco e não conseguiu responder.

Poeta perguntou sobre Eduardo Azeredo. Perguntou se ele não ficava constrangido de receber apoio do réu. Aécio disse que não pode condenar alguém que sequer fora julgado. Mas ele pré julgou os petistas do mensalão. Ou não?

"O que vale mais, candidato: uma fazenda com um aeroporto ao lado ou sem um aeroporto ao lado?", perguntou com um sorrisinho maroto, William Bonner. O tucano disse que não se sentia incomodado em usar o aeroporto e reclamou do “aparelhamento” da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). É muito fraco esse rapaz. O problema não está na Anac.

Como Bonner havia prometido, o candidato teve direito a mais ou menos 1 minuto e meio para apresentar suas propostas e projetos de governo. Em que pese que o tempo é escasso, dificultando e muito uma explanação como essa, o que Aécio disse? Que queria governar para Dona Branda e Seu Severino. Patético.

Interessante e sintomático ver que em apenas 15 minutos, um candidato não consegue se explicar sobre nada daquilo que ele próprio afirmou ou fez.

Tivesse ele não dito tanta bobagem em seu afã de ser eleito, e tivesse ele mantido uma conduta ética enquanto governador, não teria que se engasgar ao tentar explicar o inexplicável no caso do aeroporto.

Mas, e se no lugar de Aécio estivesse Serra?
Será que seu desempenho seria tão ruim?

Claro que não.
Serra não teria cometido tantos erros ao atacar uma presidenta com tantas mentiras, tendo depois que explicar se em seu governo faria diferente.

Serra, embora possa padecer de falta de ética e envolvimento no trensalão tucano, uma bobagem dessas, de construir um aeroporto na fazenda do tio-avô, para uso próprio, que é de uma pequenez tão grande, certamente não teria feito.

Agora, cabe aqui analisar o comportamento da Rede Globo.
Até os passarinhos sabem que a Globo não quer a reeleição de Dilma. Vai fazer o possível e o impossível para bombardeá-la até as eleições. Vai criar vários factoides do tipo do caso da Wikipedia e Míriam Leitão. Coisas sem importância, mas que podem assumir valor de escândalos conforme o tom e a expressão utilizados pelos apresentadores ou comentaristas políticos e econômicos.

Mas, para o blogueiro, ficou claro que Aécio também não é sua opção. Se fosse, teria aproveitado a oportunidade para levantar-lhe a bola. Daí, era só ele cortar.

A opção também não é o Eduardo campos. Se fosse, este já estaria tendo uma cobertura privilegiada. E nem há mais tempo para investir nele.

A opção da Rede Globo, e também do resto da mídia, pois todos sabemos da grande influência da vênus platinada, na modesta opinião deste pequeno blogueiro, é Serra, como defendi no texto Serra vem aí? de 2 de agosto.

Em política as coisas podem mudar muito rapidamente.
A continuar tendo um desempenho pífio, tanto nas pesquisas, quanto nas entrevistas, até 15 de setembro, data limite para substituição de candidatos em caso de renúncia ou inelegibilidade, não tenhamos dúvidas que Aécio será devidamente defenestrado.

E o horário eleitoral, em que Dilma, com maior tempo, terá oportunidade de expor todas as obras que a imprensa não mostra, ainda nem começou.

Nem a mídia, nem a oposição vão assistir de camarote Dilma levar no primeiro turno.
Não vão mesmo.





3 comentários:

  1. Prezado, você confirma a impressão que tive. A Globo ficou democrática, de repente? Não mesmo. Mas eles sabem que, com Aécio, perdem feio. Então, querem ir de Serra, mais uma vez.

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  2. e alguém acha que a substituição pelo serra deixaria aécio quieto? os próximos capítulos prometem..

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    1. Aécio, Serra, Alckmin, FHC. Esse quarteto é só amor um pelo outro. Se der as costas por um segundo, leva punhalada.

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