Marina
Silva, à medida que fala, vai construindo sub ou sobreliminarmente
sua imagem.
Para
muita gente, ela não será inteligível. Ou se poderá supor que a
maioria da população brasileira consegue entender sua opinião
sobre o caso da Ucrânia: ''A situação na Ucrânia exige uma
releitura da história repaginada da Europa a nível de continente
globalizado.''?
Lógico
que a frase contém um sentido, um significado, mas que não se
traduz em nada.
E a maioria das coisas que ela fala, muitas vezes com termos a que o brasileiro comum não está habituado, soam-lhe como música, mas são desprovidos de conteúdo
Mas,
assim que se postulou ao protagonismo diante da morte de Eduardo
Campos, Marina Silva pôs-se a falar mais e mais.
''Creio
que existe uma providência divina em relação a mim, ao Miguel, à
Renata e ao Molina''.
A frase, além de infeliz, expõe sua ideia de
que, é protegida de Deus. E mais, Eduardo não era...
Ao
se colocar como a alternativa natural como cabeça de chapa do PSB,
Marina propõe que a viúva de Eduardo Campos, Renata, seja sua
vice-presidente.
Uma
demonstração de despreocupação, de descaso com a seriedade com
que o Brasil precisa ser governado e, mais ainda, um surpreendente
pragmatismo e insensibilidade em curto intervalo post mortem.
Marina
diz que ''o Brasil está cansado da polarização. Diz que o tempo de
conflito entre PT e PSDB acabou. Afirma que é preciso unir os bons,
os capazes, os honestos, que estão em toda parte, em todos os
partidos''.
É
o apocalípse. Marina descerá dos céus e levará em arrebatamento
os bons e puros de coração consigo.
No debate da Band, a ex-senadora disse que vai tirar do banco de
reservas aqueles que deveriam ser protagonistas da política. Citou
José Serra e Eduardo Suplicy.
Pergunta-se:
esses dois alguma vez foram reservas? Serra, além de ter sido
ministro, prefeito e governador, é candidato ao Senado. Eduardo
Suplicy está há 23 anos no Senado! Que reservas de luxo, não?
No
debate, ao ser questionada por Levy Fidelix sobre sua ligação com
Neca Setúbal, herdeira do Itaú, que deve 18 bilhões de reais à
Receita e Guilherme Leal da Natura, outro devedor, membros da chamada
elite do país, Marina, visivelmente irritada, saiu-se com uma
resposta pra lá de estapafúrdia. Disse que Neca é uma educadora, e
que Leal tem compromisso histórico com a sustentabilidade e o meio
ambiente. Afirmou ainda que o problema do Brasil é a falta de elites
(sic), e que se há uma elite, Chico Mendes também era de elite (?)
tanto quanto Guilherme Leal.
Chico Mendes, um membro da elite brasileira? |
Aí
não dá nem para comentar, não?
Quando
indagada sobre se o Brasil precisava de gerente, Marina afirmou que o
presidente na realidade precisa ter representatividade.
Mas
o que ela quis dizer com isso? Dima não foi eleita com a maioria das
votos? Não é isso que dá representatividade no regime democrático?
No debate, a ex-senadora disse que vai fazer correção de valores na previdência.
Não
sabe ela que isso já existe? Vai inventar a lâmpada?
Ainda no debate, Marina
prometeu fazer a reforma política.
Meu
Deus, em que país ela, que já esteve dentro do poder, vive? Não
sabe ela que o projeto está no Congresso desde 2011, aguardando
parecer das comissões? E que o projeto vem desde o governo Lula, do
qual ela fez parte?
Não
sabe ela que, por iniciativa do governo federal, um grande número de
entidades e movimentos populares realizarão o Plebiscito Popular
pela Constituinte Exclusiva e Soberana do Sistema Político?
Luciana
Genro perguntou à Marina se ela iria incrementar a política do
PSDB, uma vez que tem entre seus colaboradores da área econômica,
nomes neoliberais e com história dentro do ninho tucano. Marina diz
não ter preconceito contra eles. Afirmou discordar da velha política
da esquerda.
Ao
fazer essa afirmação, Marina afasta-se definitivamente das teses da esquerda e lança uma âncora no centro-direita, passando a
navegar nas águas territoriais dos tucanos.
Ao
ser indagada sobre que tipo de estado defende, estatizador ou
privatizador, Marina se sai com essa: ''Defendo o estado
mobilizador''.
Depois
dessa, juro que tentei fazer malabarismo mental para tentar
compreender, mas em vão.
Na entrevista de 15 minutos no Jornal Nacional, Willian Bonner, que estava bem mais calminho do que quando entrevistou Dilma, indagou à ex-senadora sobre a origem nebulosa do avião que vitimou Campos. Marina afirmou que "não tinha nenhuma informação quanto a qualquer ilegalidade referente à postura do proprietário do avião" e que o empréstimo seria feito até o fim do prazo legal estabelecido pela Justiça Eleitoral, em novembro. E que caberá à Polícia Federal investigar e punir os culpados.
Pois bem, o Estadão, através de reportagem investigativa, já divulgou que não houve empréstimo, e que o ex-governador Eduardo Campos aprovou, pessoalmente, a aquisição do Cessna do grupo AF Andrade.
Ao ser questionada sobre
seu desempenho obtido no Acre, seu estado natal e onde construiu boa
parte de sua carreira na política, nas eleições de 2010,
terminando em terceiro lugar, a candidata do PSB citou um provérbio:
"É muito difícil ser profeta em sua própria terra".
Sacaram?
Profeta!
Ainda, no JN, a frase que resume tudo: "Há uma lenda de que sou contra os transgênicos, mas isso não é verdade", disse.
Não
é verdade que ela sempre se reafirmou como contrária aos
trangênicos? Era uma lenda?
E
olha que esse seu atributo era um dos poucos que eu admirava nela.
Agora,
mais nada...
Marina
é protegida de Deus, profeta e uma lenda.
João Cotta/Globo/Divulgação |
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